nascimento Arquivo - O que você falou? https://oquevocefalou.com.br/tag/nascimento/ Um blog sem licença-paternidade Mon, 31 Aug 2020 22:37:37 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.1 https://oquevocefalou.com.br/wp-content/uploads/2019/03/cropped-o_que_voce_falou_favicon-2-32x32.jpg nascimento Arquivo - O que você falou? https://oquevocefalou.com.br/tag/nascimento/ 32 32 Paternidade estratégica https://oquevocefalou.com.br/paternidade-estrategica/ https://oquevocefalou.com.br/paternidade-estrategica/#comments Sun, 07 Apr 2019 22:50:53 +0000 https://oquevocefalou.com.br/?p=8463 Existe paternidade estratégica? É mais do que a paternidade presente? Ou será criar os filhos com uma pegada forte de planejamento, em vez do aprendizado mútuo? O fato é: muitos pais (e mães) perdem a cabeça enfeitiçados pela urgência de serem pais e mães. E eles se defendem disso – do seu medo próprio de ...

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Existe paternidade estratégica? É mais do que a paternidade presente? Ou será criar os filhos com uma pegada forte de planejamento, em vez do aprendizado mútuo?

O fato é: muitos pais (e mães) perdem a cabeça enfeitiçados pela urgência de serem pais e mães. E eles se defendem disso – do seu medo próprio de cuidar de uma criança e de ajudá-la a se desenvolver.

A sua defesa é o ataque muito calculado contra o imprevisto. Eles simplesmente desprezam o improviso. Por isso, traçam uma estratégia para o futuro dos filhos, na tentativa de dar a “melhor” educação ou de construir uma carreira promissora da base (???).

E começa desde cedo, antes mesmo do nascimento. Daí o termo “parentalidade estratégica” (ou strategic parenting). No meu caso, Artur e Bento, falo aqui da paternidade estratégica, que também está sob o guarda-chuva da parentalidade (assim como a maternidade).

Mas o que é exatamente a paternidade estratégica? E como ela pode ditar os rumos da relação de pais e filhos? É isso o que vamos tentar descobrir juntos agora! 😉

#ParentFail !!!

A paternidade estratégica na essência

Paternidade estratégica é a prática de definir objetivos para o desenvolvimento dos filhos, como a universidade em que vão estudar ou a profissão que deverão exercer.

Uma possível explicação para os pais estrategistas está na pesquisa da jornalista Tatsha Robertson e do economista Ronald Ferguson. Juntos, eles resolveram investigar se existe uma relação entre pais e filhos considerados bem-sucedidos.

Ou seja, eles decidiram conferir se pais estão mesmo traçando planos de ação para estimular os talentos naturais dos seus filhos. O objetivo, neste caso, é que os pequenos tenham êxito na carreira, nos relacionamentos e na vida em geral.

A primeira conclusão a que eles chegaram é reveladora. :/

Muitas das pessoas “bem-sucedidas” com as quais eles conversaram disseram que tinham/têm pais que sabiam qual futuro queriam para os filhos. Mas ANTES do nascimento!

Por isso, esta abordagem demonstra a essência da parentalidade estratégia: a infância se converte em um objetivo em si. Assim como executivos nas empresas, estes pais estabelecem uma meta clara.

Porque para eles existe um ponto a alcançar, com resultados que devem ser recolhidos. Dessa maneira, o desenvolvimento dos pequenos ganharia um certo ordenamento. E isso nos mínimos e maiores detalhes, desde o estilo pessoal no modo de se vestir até a escolha das amizades.

PARENTALIDADE
Conceito de paternidade
e maternidade conscientes
+ESTRATÉGIA
O uso eficaz dos recursos
disponíveis para a educação

Suborno e prisões em Hollywood

A criação dos filhos de acordo com um plano, como o ataque de um general a um território inimigo, ganhou destaque recentemente. Em Hollywood, estrelas de cinema foram detidas por suborno a universidades renomadas.

“As atrizes Felicity Huffman, indicada em 2006 ao Oscar de melhor atriz por sua atuação em ‘Transamérica’, e Lori Loughlin, conhecida por interpretar Rebecca Donaldson-Katsopolis na série ‘Três é Demais’, foram detidas e estão sendo investigadas por pagar suborno para que seus filhos fossem aprovados no vestibular. Elas deverão ser soltas após prestar depoimentos.”

Ou seja, aqui a estratégia foi garantir aos filhos um assento em algumas das escolas de ensino superior mais prestigiadas dos Estados Unidos, como UCLA e Stanford.

Não sei outros pais, meninos, mas vejo corrupção de todas as formas nesta maternidade e paternidade. A corrupção econômica e moral, principalmente. Querer bem a um filho não deve supor a malandragem e desonestidade. Mas outros pesquisadores talvez tenham a explicação para casos com este de Hollywood.

Outro caso

Lori Loughlin, atriz reconhecida pela série Full House, foi outra que decidiu traçar estratégias para a infância e a adolêscência de suas duas filhas.

Ela se declarou culpada no caso em que foi acusada de subornar uma universidade norte-americana para que as filhas fossem aceitas como estudantes.

Segundo o acordo com a Justiça, ela terá de cumprir cinco meses de prisão, pagar uma multa de US$ 250 mil e ainda enfrentar dois anos de liberdade sob supervisão, além de prestar 250 horas de serviço comunitário.

Uma questão de $$$ economia $$$

Por sua vez, os economistas Joseph Hotz e Juan Pantano se debruçaram sobre o tema desde outra perspectiva. Eles cavucaram estatísticas sociais para encontrar outras respostas.

Em realidade, o que eles queriam saber é: será que pais e mães demonstram a mesma preocupação com a educação dos primogênitos e dos seus irmãos?

“Consideramos um modelo em que os pais impõem ambientes disciplinares mais rigorosos em resposta ao fraco desempenho na escola dos seus primeiros filhos, a fim de dissuadir tais resultados nos filhos nascidos posteriormente. Nós provemos evidências empíricas robustas de que o desempenho escolar de crianças (…) declina com a ordem de nascimento, assim como o rigor das restrições disciplinares dos pais.”

Joseph Hotz e Juan Pantano

Ou seja, estes pais tentam impor uma educação mais rígida aos primeiros filhos. O raciocínio gira em torno da expectativa de que, agindo desta forma, eles consigam esculpir a formação dos filhos primogênitos.

Mas esta determinação um tanto míope dura pouco: o segundo filho, no geral, escapa desta paternidade e maternidade mais contundentes.

“E, quando perguntados sobre como eles reagem quando a criança traz para casa notas ruins, os pais afirmam estarem menos propensos a punir os irmãos dos filhos primogênitos. Juntos, esses padrões são consistentes com um modelo de reputação da parentalidade estratégica.”

Joseph Hotz e Juan Pantano

A economia está, em parte, por trás de tudo isso. Se a estratégia der certo, o futuro da criançada está garantido
– ao menos o financeiro; já o psicológico.. E se não funcionar, pelo menos alguma coisa poderá ser usada nos filhos que chegarem depois.

10 erros de uma paternidade estratégica

Eu vejo, Artur e Bento, muitos erros e pontos frágeis neste tipo de paternidade. De fato, erros que pretendo não cometer no tempo em que estivermos juntos:

  • 1 PATERNIDADE e ESTRATÉGIA não combinam na mesma frase! 😉
  • 2 A paternidade jamais deveria ser pura razão. Ponto
  • 3 Afinal, a paternidade supõe (ou deveria) o diálogo
  • 4 Que direito têm o pai e a mãe de impor um futuro aos filhos?
  • 5 Qual deve ser o preço de uma estratégia para ela dar certo?
  • 6 Os filhos estão segurados contra os prejuízos da paternidade estratégica?
  • 7 Crianças devem (ou deveriam) viver mais pela experimentação
  • 8 Porque disciplina é diferente de submissão
  • 9 Aliás, estratégia é para os negócios
  • 10 Por fim, filhos não são negócios e franquias (ou matrizes de economia)

Eu trabalho todos os dias com estratégias – de vendas, de comunicação, de inbound marketing, ou seja, de uma infinidade de coisas.

E nenhuma delas se parece minimamente com a paternidade.

Porque ser pai é mais sentimento do que razão; é mais experiência do que técnica. Enfim, a relação entre pais e filhos.

Existe paternidade sem estratégia?

Sim. E não.

Sim, porque a experiência de ser pai deveria ser libertadora, nas duas pontas. Pais têm na paternidade a chance de se redescobrirem sem tantas amarras. Para as crianças, é a experiência de aprender com a convivência, desenvolvendo a capacidade de perceber o que seus pais têm de melhor e pior.

No íntimo da paternidade, onde mais se sente, todo pai deveria se dedicar à entrega de deixar ir. De dar às crianças a liberdade de serem o que quiserem ser. De irem para onde quiserem ir. Enfim, de dar a elas o espaço que necessitam para serem elas mesmas.

Isso não quer dizer que a paternidade precise descer a ladeira sem freios. Alguma estratégia deve, sim, existir. Mas não a que busque “rentabilizar” os investimentos feitos. E, sim, a que obrigue todo pai a ser minimamente pai: consciente e presente.

Eu tento fazer, dessa, a minha paternidade estratégica, meninos. Se é a correta ou não só descobriremos juntos lá na frente, quando o futuro chegar.

Aí, quem sabe, conversaremos de corações abertos sobre as melhores (e as piores) escolhas da parentalidade.

Conclusão possível

A paternidade é muito menos sobre os pais do que sobre filhos. E se há uma estratégia por trás é a de que devemos aprender mais com o pequenos do que o contrário. Afinal, são eles que se conectam mais à vida presente à medida que crescem; são eles que trazem o novo para casa.

A paternidade estratégia não seria fazer cálculos de ganhos futuros, mas “realizar os lucros” que já estão sobre a mesa.

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Significado da morte https://oquevocefalou.com.br/significado-da-morte/ https://oquevocefalou.com.br/significado-da-morte/#respond Sun, 25 Nov 2018 11:59:13 +0000 http://oquevocefalou.com.br/?p=7849 Não sei bem como escrever sobre o significado da morte para vocês tão pequenos, Artur e Bento. Justamente por isso direi de uma vez: ela nasce com a gente, meninos. Porque começamos a morrer no momento em que nos dão à luz, quando o ar que respiramos vai nos oxidando de pouquinho em pouquinho. ⏳ ...

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Não sei bem como escrever sobre o significado da morte para vocês tão pequenos, Artur e Bento. Justamente por isso direi de uma vez: ela nasce com a gente, meninos.

Porque começamos a morrer no momento em que nos dão à luz, quando o ar que respiramos vai nos oxidando de pouquinho em pouquinho. ⏳

Acontece assim, ponto. Comigo, com a mamãe, com vocês e com qualquer um. A morte nos acompanha a todo o tempo até o nosso último suspiro, momento em que ela, enfim, assume os afazeres para nos levar deste mundo sem pessoas imortais.

E é sobre isso que desejo falar com vocês. Já é hora.

A morte, portanto, é um etapa da nossa existência com a qual temos que conviver. Pode-se conviver melhor ou pior com ela. Mas não se pode evitá-la.

Um significado da morte

Sem a morte, não haveria vida. E vice-versa. Os antônimos se abraçam. Ou seja, talvez o único significado de morrer seja viver antes. Estar vivo é a razão de a morte existir, uma verdade que dá ainda mais significado à nossa presença neste planeta repleto de energia.

Por isso, meninos, tentem desde cedo desmistificar e encarar a sua morte.

— Como assim, papai???!!!

Ora, o jeito mais fácil de viver bem com a ideia de que um dia tudo acaba é aceitar essa condição humana desde cedo. E com um detalhe muito importante: ninguém sabe quanto tempo vai durar aqui.

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Pode ser uma vida curta que dure uma infância apenas, e isso acontece com muitas crianças infelizmente, ou pode ser que cheguemos até o adiantado de uma velhice prolongada. ⌛

A senhora morte não é má, ela só faz o que sabe e precisa fazer. Nós é que somos maldosos com nós mesmos muitas vezes, chamando-a antes do tempo porque esquecemos, em muitos casos, de fazer o que é certo.

Mas fora isso, fora os casos em que alguém age de maneira ruim com outra pessoa, o pior é ficar com medo na vida por uma coisa que é inevitável.

Aliás, vocês vão escutar muito isto: a morte é a única certeza que temos. Só ela tem esse mérito, e por isso é bom irem se acostumando com ela, respeitando-a como como merece. 😉

Ao acompanhar como psicóloga pessoas que enfrentam a morte, testemunho que aqueles que tiveram de algum modo um sentimento de continuidade lidaram melhor com sua morte.

Mortes sem significado

Agora que sabemos um pouco mais sobre um possível significado da morte podemos falar de mortes sem significado.

Elas sempre aparecem toda vez que deixamos a vida passar sem tirar o máximo dela, temendo um encontro precoce com o fim.

Se vamos morrer, que seja por muito bom proveito. Com intensidade e reverência à magia de estarmos vivos. Pensem: muitas variáveis se alinharam para vocês nascerem, meninos. Muitas mesmo. Por isso, desfrutem do momento sem pensar muito em que um dia tudo acaba.

Isso seria um desperdício de tempo e de oportunidade. A vida dura muito pouco, coisa de segundos mesmo, o que vocês precisam entender como uma urgência mesmo. Vivam cada instante como se fosse o derradeiro – o que de fato não deixe ser verdade.

Isso porque todo mundo entende o que aconteceu para que o Universo acabasse produzindo vida, mas ninguém entende por que o Universo nasceu “configurado” para permitir todas essas maravilhas. Parece uma sorte tremendamente grande.

A dona Morte

Mas se é para viver com intensidade, tampouco façam pouco caso dessa senhora. Ela está sempre por perto e só vai entrar em cena na hora certa, mas é bom não provocá-la.

Para que arriscar a saúde, por exemplo, achando que vocês podem tudo? Não é isso. Ninguém precisa cometer besteiras só para brincar com o que não deve.

Curtir os dias, as emoções e as experiências não tem a ver com colocar a vida em risco, ok? Façam a sua existência valer cada segundo, mas respeitem a senhora Morte, por favor.

Afinal, quando ela decide pegar a sua mão, aí não tem volta. Há casos de pessoas que dizem terem-na encontrado e voltado. Mas, além de raros, estes relatos me fazem pensar que talvez estas pessoas não tenham de fato encontrado a morte, apenas se agarrado fortemente à vida sem dar-lhe tempo de chegar.

A dona Morte é como um burocrata honesto: ela executará o seu trabalho sem aceitar subornos ou favores. Daí a certeza de que se vocês a chamarem antes do tempo, então melhor que estejam preparados para seguir suas ordens porque ela virá muito determinada.

No dia em que o matariam, Santiago Nasar levantou-se às cinco e meia da manhã para esperar o navio em que chegava o bispo.

A vida depois da morte

Meninos, nisso não acredito. Prefiro crer na finitude da vida. Começo, meio e fim, com créditos no final. E nada mais.

O nosso ingresso, que pegamos aos gritos na sala de parto, é para uma sessão apenas, gostem ou não do filme que passe diante de vocês.

É uma superprodução, com muitas aventuras, amores, desilusões, cenas tristes, heróis e vilões. Tudo de bom que a arte da vida pode apresentar. Mas acaba, com ou sem final feliz.

E depois da última cena a morte aparece para indicar a todos a saída da sala de projeção. Lembrem-se: todos nós precisamos liberar nossos lugares para quem vier nas próximas sessões. 🙂

 

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Sorte entre pais e filhos, o improvável e cocôs de pássaro https://oquevocefalou.com.br/sorte-entre-pais-e-filhos/ https://oquevocefalou.com.br/sorte-entre-pais-e-filhos/#respond Wed, 14 Feb 2018 13:14:44 +0000 https://oquevocefalou.wordpress.com/?p=7044 A sorte entre pais e filhos existe? Melhor: o que é a sorte? Ela pode ser uma linda paisagem no horizonte de quem viaja pela estrada. Ou seja, está ali, quase invisível de tão distante ou rápido que passa. Por isso, é mais uma idealização do que uma coisa concreta. A sorte é passageira. E ...

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A sorte entre pais e filhos existe? Melhor: o que é a sorte? Ela pode ser uma linda paisagem no horizonte de quem viaja pela estrada. Ou seja, está ali, quase invisível de tão distante ou rápido que passa. Por isso, é mais uma idealização do que uma coisa concreta.

A sorte é passageira. E aparece sob condições muito favoráveis, que, às vezes, não conseguimos perceber. Porque vamos acelerados com os olhos fixados à frente, menos atentos ao que passa ao lado.

E esse é um tema interessante para falar com os filhos. Afinal, a paternidade é uma sucessão de bons papos. ☺

A sorte entre pais e filhos no contexto do improvável

A sorte intriga cientistas, escritores e apostadores. Além, é claro, de toda e qualquer pessoa que espera um grande momento transformador na vida. Mas é melhor não contar com ele porque quem para no caminho para esperar, deixa de ver novos horizontes.

Tem mais. Os momentos transformadores, quando surgem, podem ser para o bem ou para o mal. Sim, sorte não é só coisa boa, é o inesperado que podemos gostar ou não. É o cocô de passarinho. 👇👇👇 Ou uma loteria daquelas que só ganha quem não morre de avião.

sorte probabilidade e ciência

O especialista em comportamento humano Richard Wiseman, líder de um laboratório de psicologia experimental, trabalha com a teoria de que as pessoas comumente consideradas sortudas são em realidade as que estão mais abertas ao improvável.

Na mesma analogia que estamos usando aqui, são pessoas que viajam olhando para paisagens em volta.

“And so it is with luck – unlucky people miss chance opportunities because they are too focused on looking for something else. They go to parties intent on finding their perfect partner and so miss opportunities to make good friends. They look through newspapers determined to find certain types of job advertisements and as a result miss other types of jobs. Lucky people are more relaxed and open, and therefore see what is there rather than just what they are looking for.”

Trecho de uma fala de Wiseman

A sorte existe ou é probabilidade?

Eu posso considerar sorte que meus filhos tenham nascido com a saúde.

Do ponto de vista do surgimento da vida e da evolução humana, é enorme, mas enorme mesmo, a probabilidade de que alguma coisa dê errado entre a fecundação e o nascimento. E aqui estão meus pequenos, saudáveis como esperamos que as crianças sejam.

Nesse contexto, a probabilidade tem seu peso. Trevos de quatro folhas são por consenso o símbolo universal de sorte. Bacana.

O motivo é que eles, ao contrário dos demais tipos de trevos, são de uma espécie menos comum. Daí a todos acharem que é sorte encontrá-los no bosque.

Já a ciência, que também procura trevos de quatro folhas nos bosques e tem uma percepção mais apurada das coisas naturais, detesta falar em sorte.

Para ela, encontramos trevos de quatro folhas no bosque por causa da probabilidade, nada mais.

Tão somente probabilidade.

A sorte nos detalhes, e não só nas coisas grandes

Outro ponto ainda: a sorte está nos mínimos detalhes.

Quando um pai tem uma reunião à tarde que acaba mais cedo e vai para casa ainda sob um céu alaranjado de fim tarde, isso, sem dúvida, é sorte.

Quem dá de cara, ao virar a esquina, com uma sorveteria de sabores deliciosos, também tem sorte. No entanto, algumas pessoas pensam diferente e chamam de sorte só o que é grande, como um transatlântico atracando no porto.

Por isso, talvez não se impressionem na mesma medida das suas expectativas.

Mas o ideal é não se preocupar com isso. Porque pais e filhos vão ter muitos momentos de sorte. Ou inesperados. Improváveis. Ou de maiores e menores probabilidades.

Para isso, precisam manter a visão ampla para perceber sua beleza ou feiura, não importa.

Como acontece numa viagem pela estrada, o mais importante é saber admirar as paisagens das planícies, vales e montanhas no caminho. Os pequenos prazeres da vida.

E boa sorte. 😉

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Café com sua mãe https://oquevocefalou.com.br/cafe-com-sua-mae/ https://oquevocefalou.com.br/cafe-com-sua-mae/#comments Sun, 14 May 2017 14:22:42 +0000 https://oquevocefalou.wordpress.com/?p=2612 Não há nada mais sincero, autêntico e espontâneo do que amor de mãe, Artur. É água que acha o caminho ou calor em verão, simplesmente acontece. Varia de mulher a mulher, algumas não conseguem lidar com a maternidade, o que é compreensível, mas o sentimento está bem lá na fibra. What Happens to a Woman’s ...

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Não há nada mais sincero, autêntico e espontâneo do que amor de mãe, Artur. É água que acha o caminho ou calor em verão, simplesmente acontece. Varia de mulher a mulher, algumas não conseguem lidar com a maternidade, o que é compreensível, mas o sentimento está bem lá na fibra.

What Happens to a Woman’s Brain When She Becomes a Mother

Penso que haverá uma explicação mais precisa que a ciência só não achou ainda, um quinto elemento que não é uma enzima ou uma célula, mas está na essência de toda mãe. A genética não daria conta de conceber sozinha algo tão poderoso e intenso. E sabemos do que ela é capaz.

Nos seus quatro anos, você já percebeu o quanto é bom o carinho da sua mãe, a dedicação sem reservas, o atendimento 24 horas e a paciência quase infinita com que ela te acolhe no coração e entre os braços.

Entendo a sua preocupação com o Dia das Mães e o pedido que me fez para juntos prepararmos um café da manhã especial para ela:

Você foi específico, como quem ensina a um aprendiz:

— Vamos precisar de muitas frutas, de vários pães, papai, e de coisas gostosas. É muita coisa.

Conte comigo, Artur. Um café da manhã especial, na forma e no conceito. É oportunidade de demonstrarmos sinceridade, autenticidade e espontaneidade. A quatro mãos, movidos pela mesma alegria.

Conhecer a sua mãe há mais tempo me dá base para um antes-e-depois. Ela terá muito tempo para te falar do que já foi, do tempo em que ela era criança também, motivo pelo qual quero me concentrar em te falar um pouco sobre a sua mãe de hoje, a mulher que conheço no agora.

Meu testemunho: desde o seu nascimento, ela inspira a vida com mais força, a plenos pulmões. Você veio para reivindicar um espaço que só podia estar reservado a você ​desde muito cedo, quem sabe na concepção mesma da sua mãe, reflexo da maternidade que ela pratica.

A sua mãe te ama como a ninguém mais. Ela é mãe, a sua mãe. É nela que você terá muitas respostas que eu e outros não saberemos dar. Ela também vai exagerar, cruzar linhas impostas por você, mas será por bem.

E se algum dia te passar pela cabeça a ideia de falar uma palavra mais forte ou de se afastar por algo que ela tenha feito, mesmo que por uma fração-da-fração-da-fração de um segundo, lembre-se do café da manhã especial que eu e você preparamos juntos.

Volte a este post para escutar de novo – e mais uma vez – a sua voz de criança dizendo a ela da nossa intenção de preparar um desjejum.

Porque a sua voz de criança, assim como o amor que ela sente por você, é das mais sinceras, autênticas e espontâneas.

https://youtu.be/FWBQNxZNhK4?t=7m58s

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Nosso tempo presente https://oquevocefalou.com.br/nosso-tempo-presente/ https://oquevocefalou.com.br/nosso-tempo-presente/#comments Sun, 09 Apr 2017 23:43:17 +0000 https://oquevocefalou.wordpress.com/?p=1202 Há algo sobre mim que você precisa saber, Artur: careço de viver o presente, o fugaz agora que entretém os sentidos, esvazia a memória e contém a ansiedade pelo futuro. Eu, seu pai, tenho severa dificuldade em estar simplesmente, sem me autoinflingir pelo que fiz e deixei de fazer ou cair na besteira de tentar ...

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Há algo sobre mim que você precisa saber, Artur: careço de viver o presente, o fugaz agora que entretém os sentidos, esvazia a memória e contém a ansiedade pelo futuro.

Eu, seu pai, tenho severa dificuldade em estar simplesmente, sem me autoinflingir pelo que fiz e deixei de fazer ou cair na besteira de tentar antecipar o por vir. Esse é um mal de personalidade um tanto irritante, como uma coceira que aparece quando bem entende e que até sossega com roçadas de unha em dias bons, mas invariavelmente deixa vermelhidão e bolhas na sensível pele da consciência.

Isso de não ser passado nem futuro, de estar bem no centro entre os dois, é uma tentativa humana de nos situarmos no tempo e, a partir disso, darmos um significado – mínimo que seja – à existência. Mas acontece que o caminho que o tempo segue, já te contei, é um mistério incrível que testa a ciência.

Albert Einstein disse o seguinte, após perder um grande amigo:

“For us believing physicists, the distinction between past, present and future is only a stubbornly persistent illusion.”

T.S. Eliot, por sua vez, fez do tempo presente inspiração de um poema:

“Time present and time past
Are both perhaps present in time future
And time future contained in time past.
If all time is eternally present
All time is unredeemable.
What might have been is an abstraction
Remaining a perpetual possibility
Only in a world of speculation.
What might have been and what has been
Point to one end, which is always present.
Footfalls echo in the memory
Down the passage which we did not take
Towards the door we never opened
Into the rose-garden. My words echo
Thus, in your mind.(…)”

Quem sou eu para tentar explicar o que parece inexplicável. O que tento fazer desde o seu nascimento, que torceu a frio a minha perspectiva das coisas, é viver de fato o momento presente.

Imagine estar com muita sede, ter um copo cheio de água saborosa e geladinha à frente e não agarrá-lo. Este sou eu toda vez que tento extrair o sumo das experiências: a vontade de beber do passado ou do futuro imaginável é muito grande.

No dia em que exploramos aquela lagoa juntos em um caiaque, de uma margem à outra, muitas voltas no meio, foi diferente. A começar porque caiaque, para mim, também era novidade. E caiaque com o meu filho, uma novidade ainda maior.

Remando atrás de você observando a sua alegria em pousar a mão pequena na água, com o vento tocando nossos rostos e o silêncio interrompido apenas pelos sons da natureza, como um pássaro que jamais saberemos qual era ou o rugido de uma criatura das matas, remando atrás de você eu tive o meu tempo presente.

Como poucas vezes, senti, ouvi, olhei e respirei cada segundo desta nossa aventura juntos. Consegui estar ali simplesmente, ausente do passado e distante do futuro. Você, e a sua atitude de criança, manteve-me onde eu deveria – e queria – estar. Se flutuei alegre sobre a lagoa, você me ancorou no agora.

Lembranças a gente guarda com emoções, sabores, sons, odores e outros estímulos que cutucam o nosso consciente. Mas só as memórias autênticas – as que resultam de momentos em que realmente estamos presentes – duram para a vida.

Como a memória que guardei do nosso passeio na lagoa.

Eu desejei permanecer no caiaque como raras vezes quis algo. E creio que você também, tão interessado pela natureza que vimos e concentrado em pedir para eu cambar à esquerda ou à direita ou manter a navegação em linha reta para o nosso tempo presente durar mais.

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