Como ser um bom pai? Heim? Heim?

O significado de ser pai é difente do de ser um bom pai. Começando pelo adjetivo, que dá qualidade às coisas. E quando falamos de assuntos relacionados ao desenvolvimento dos filhos, qualidade é justamente o segredo.

Mas como diferenciar um pai de um bom pai? Melhor: de que maneira eu, você e todos os demais podemos ser melhores com os pequenos? Eles merecem, certo?

A ideia aqui é tentarmos encontrar respostas – ou quem sabe mais perguntas. Bote a molecada para dormir, aconchegue-se e vamos nessa…

Pra começar: o que é ser um bom pai?!

Bom, só adjetivo não vale. Os tempos são outros. Assim como o cuidado com os pequenos. Não basta trazer comida para casa, como antigamente. Hoje somos uma maioria que não exerce mais esse papel exclusivamente.

A nossa função evoluiu, como também a complexidade das relações. A educação dos filhos, acompanhar seu desenvolvimento e dividir com a maternidade o dia a dia da molecada é o mínimo. Porque o máximo é o que as novas gerações esperam de nós.

Por isso, se queremos fazer mesmo a diferença, precisamos de conexão. Além de muita disciplina. Não por acaso, escutamos bastante sobre paternidade ativa, educação afetiva, parentalidade etc.

O vocabulário está mais completo. Daí as nossas muitas dúvidas sobre os significados da paternidade.

Síndrome do impostor acontece

Mais de uma vez, podemos nos sentir autênticos impostores da paternidade. Isso porque as crianças têm diversas expectativas não atendidas. Daí a nossa crença interior de que ou estamos errando ou agindo abaixo do potencial.

A síndrome de impostor amplia seu espaço. Porque talvez seja cada vez mais difícil de acreditar na habilidade de ser pai. Dada a atenção que os pequenos merecem, deveríamos adaptar nossas rotinas para que tivessem mais infância. Mas não acontece.

Porque o trânsito está sempre pesado, os e-mails não param de chegar e as contas são pontuais. Enquanto isso, os filhos esperam, na expectativa de conseguir a atenção que desejam.

Sim, talvez sejamos muitos impostores paternos. Fraudes ambulantes.

O que não nos impede de mudar…

Só testando, pais de plantão

No meu caso, tento ser um bom exemplo. Ou referência, pelo menos. E não para ter admiração dos filhos, longe disso. Na falta de um trenamento – porque ninguém treina para ser pai –, o que dá para fazer é ser um pai possível.

Exemplo de um bom pai possível

  • Sabe que não é perfeito
  • E vive bem com isso
  • Se questiona
  • Erra. E erra
  • Tenta evoluir
  • Entende a sua pequenez

O pai possível tenta o seu melhor, mas se vê muitas vezes incapaz de proporcionar uma paternidade minimamente coerente. Apesar das boas ótimas intenções.

Se em um dia sou um paizão, noutro estou para poucos amigos. A paciência que um dia vai longe, escolhe no seguinte. Lembrem-se, meninos, pais são humanos, por mais que escutem a história furada de que papai e mamãe são super-heróis.

Mantenha-se presente

Não usamos capa ou roupa colada. As nossas armas são a tentativa e o erro; a paixão em vez da razão. Com estas defesas muito rudimentares, tentamos nos proteger dos nossos próprios monstros. Às vezes, ganhamos, porém também somos derrotados.

Mas quero ser um bom pai, juro. Principalmente para estar ao lado de vocês, meus pequenos Artur e Bento, neste mundo bagunçado. E cruel, sejamos claros.

Talvez, pais de plantão, essa seja a nossa única função: estar por perto. (mas sem ser um pai de helicóptero, por exemplo). Porque sozinhos tudo fica mais difícil, bem pesado mesmo de carregar.

Como fazer então?

Fácil: reconhecendo os erros.

Porque esse é um sinal de que paramos para refletir. Só encontra os problemas que precisa resolver quem de fato olha com carinho para as suas questões.

E, convenhamos, todos erramos com os pequenos, de uma maneira ou de outra. O desafio é encontrar o tamanho disso, ou seja, a proporção dos nossos equívocos.

Que tal facilitar començando por três principais pontos?

  • Diálogo: você compartilha sentimentos, expectativas e ansiedades com a(o) sua(eu) companheira(o)? Faz o mesmo com os filhos, na medida para a idade de cada um deles?
  • Presença: que não seja apenas física, lógico. Você está presente de fato?
  • Afeto: a questão aqui é se somos realmente o que deveríamos ser. Ou seja, bons pais.

Quem começa por aí já tem muito o que pensar. Afinal, diálogo, presença e afeto formam uma base sólida da paternidade.

Agora, é praticar para ser um bom pai

Pais dedicados se fazem muitas perguntas para tentar aliviar culpas e dormir menos inquietos à noite.

A conversa com a consciência é diária. Afinal, estamos delimitando os espaços de crianças de corações limpos e despejando regras e meias-verdades o tempo todo. Com tanto poder em mãos, devemos no mínimo tentar acertar.

É barra. Puxado. Isso é ser pai. Assim como ser mãe.

E não adianta olhar para trás. Ninguém encontra respostas no passado porque os nossos pais são de outra época. Eles bem que tentaram, e mesmo o que deu certo antes é apenas uma referência hoje, não a cartilha.

Nada está escrito em pedra.

E se acontece como aconteceu comigo de o meu pai morrer cedo, as lembranças que poderiam fornecer alguma ajuda são muito vagas. Quando nos tornamos pais é que entendemos: a paternidade é um gesto de amor solitário.

E carregado de uma tensão que se renova sozinha, sem chavinhas de liga-e-desliga que possamos usar.

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