Uff, que difícil essa. Quem pode saber exatamente qual é a importância do pai? Talvez os especialistas em assuntos de família, ou os estudiosos da educação. Há também os sabichões de plantão. Mas mesmos eles não são donos da verdade.
A figura do pai é importante para uma infância saudável e a boa formação das crianças. Assim como para a relação a dois e para a sociedade como um todo. Esse é o paraíso. 😘 Mas isso depende do quanto nos comprometemos com a educação dos filhos.
Esse texto é para termos uma conversa aberta sobre como podemos ser realmente valiosos para os pequenos. Para isso, a ideia é manter o foco em três principais atividades: cuidar, participar e brincar. 👇👇👇
A importância de ser pai começa no relacionamento
Você é pai. Por isso, tem olhinhos por perto muito atentos a tudo o que faz. Pare então para pensar por um instante no seu relacionamento em casal. Ele é o foco dos filhos.
Se você e a(o) sua(eu) companheira(o) têm brigas constantes ou deixam transparecer o desconforto mútuo, as crianças percebem. E o crescimento delas provavelmente já não será o mesmo.
Afinal, o casal é uma referência para os pequenos. Eles dependem de nós. Esperam tudo de nós. Disso acontece muito do seu bem-estar e crescimento saudável no físico, emocional e afetivo.
A importância do pai é fundamental para o desenvolvimento dos filhos e começa no bom relacionamento do casal, uma condição indispensável para um lar acolhedor. Concorda?
Alguns exemplos fáceis de entender:
- Casais que se enfrentam constantemente diante dos pequenos criam um ambiente hostil à infância, também com consequências para o desenvolvimento dos filhos.
- Um casal que se respeita mutuamente (e que tenta resolver suas diferenças longe do olhar dos filhos 👇) transmite conceitos fundamentais de convívio e de diálogo familiar. Embora, claro, seja muitas vezes difícil manter as conversas em família sem desentendimentos.
Pai cuida (1), participa (2) e brinca (3)
O pai não pode ser o cara que só chega do trabalho para brincar. Até porque o home office veio para ficar e acabar com esse clichê da paternidade de antigamente. Além disso, não dá mais para se ausentar da paternidade – o que deram o nome equivocado de paternidade ativa.
A paternidade de hoje é diferente, distante dessa figura paterna das cavernas. Ou deveria ser…
O pai tem que dividir com a mãe: ele cuida, participa da educação e também brinca com os filhos. Porque o equilíbrio entre cuidar (saúde), participar (alimentação, atividades da casa e bem-estar) e brincar (aprendizado emocional e social) tem de ser o maior objetivo de todos nós. Esse é um modelo ideal de parentalidade.
Melhor, um compromisso da presença paterna que precisamos assumir com a molecada.
1 – Cuidar: nosso papel fundamental na saúde da molecada
Crianças não são autolimpantes, autosuficientes ou autocentradas. Pelo contrário. Elas justamente precisam de nós para desenvolver suas habilidades, conhecimentos e entendimentos.
O figura paterna precisa se ocupar também da saúde dos pequenos. Isso tem a ver com, por exemplo:
- Estar nas consultas com o(a) pediatra;
- Cuidar da carteira vacinação (metade das crianças não recebeu todas as vacinas em 2020, segundo o Ministério da Saúde);
- Evitar situações que possam causar doenças (passar aquele protetor na praia ou por agasalho na mochila, por exemplo);
- Manter a fruteira cheia;
- E muito mais.
Óbvio? Não sei, não… Há muitos pais com essas atividades aí em dia, mas muitos outros que não chegam perto delas.
O pai importa muito nos primeiros 1.000 dias
Pai que é pai se preocupa de verdade com a saúde dos filhos. Mas tem que sair do discurso – e fazer realmente o que for necessário para mantê-los saudáveis.
Veja o que diz a Unicef em uma homenagem de reconhecimento ao papel da figura paterna:
Os pais são um dos melhores, porém mais subutilizados recursos de desenvolvimento infantil.
Sinceramente leio isso com um mea culpa. Afinal, não usamos toda a nossa capacidade de ser pais, por mais que tentemos mudar. Daí a sermos um recurso subutilizado.
No geral, seguimos reproduzindo práticas do passado. Como a falta de atenção para as atividades do lar, a desatenção com detalhes do cuidado com os filhos e a partilha muitas vezes capenga à maternidade.
Inclusive precisamos tomar cuidado para não cair em equívocos. Exemplo: não entender o erro da ideia de paternidade ativa.
E tudo isso tem a ver com os filhos e os nossos relacionamentos, não somente com a nossa presença paterna. Segundo a Unicef, pesquisas mostram que os primeiros 1.000 dias de vida são fundamentais para o desenvolvimento infantil. Nesse período, viver em um lar com bom ambiente é fundamental.
Ou seja, a relação entre pais e mães (ou outros responsáveis no caso de famílias menos binárias) é essencial. E aqui fica o questionamento: será que realmente estamos contribuindo para isso?
2 – Participar: pai é mais importante quando participa em casa
Alimentar, cuidar da casa e proporcionar bem-estar para os filhos é o básico do valor de ser pai. Não deveria ser diferente. Vejamos mais claramente os motivos…
A importância do pai na família
Todo pai vive no contexto maior da paternidade, deseje ou não. Há um conceito por trás, toda uma carga cultural e histórica. Por isso, pais são fundamentais para o desenvolvimento da molecada.
E isso tem a ver com proximidade, constância e dedicação. Os filhos pedem e esperam que os pais participem.
Uma participação envolve não só as questões do coração, como o afeto e carinho, mas também necessidades práticas, como alimentação e cuidados
Alimentação responsiva e a nutrição das crianças
Alimentação infantil não é só dar comida às crianças – o que já é muito difícil para muitos pais e mães no Brasil. É também pensar no como, no onde e em quem alimenta.
Devemos lembrar que o fundamental é a nutrição (fibras + carboidratos + proteínas, por exemplo).
Ou seja, não a quantidade, mas a qualidade. Um estudo científico publicado no Jornal de Pediatria, da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), diz o seguinte, por exemplo:
A chamada alimentação responsiva seria a base do desenvolvimento de hábitos alimentares.
Ela tem tudo a ver com o estilo da parentalidade nesse processo de primeiros costumes da criança com a comida.
A alimentação responsiva é na prática:
- Servir a comida aos muito pequenos e acompanhar os filhos mais velhos,
- Ter paciência com eles nas refeições, sem obrigá-los,
- Testar possibilidades quando os filhos dizem não gostar dos pratos (preparar diferente, misturar com outras opções etc.),
- Evitar as distrações na hora da comida (menos TV, celular e tablet, por favor!),
- Que as refeições sejam momentos de carinho em família.
Tudo parece fácil num blog de paternidade como este. E nada é na vida real… Afinal, muitos brasileiros ainda passam fome ou não têm uma cesta básica ideal. Por outro lado, já há muitos casos de obesidade infantil 👇.
A intenção aqui não é o faz de conta.
Nossas paternidades e maternidades podem não ser as ideais, mas precisamos pelos menos saber o que pode torná-las melhor. 😉
Atividades da casa no dia a dia da paternidade
Se somos exemplos para os filhos, então está nas nossas mãos cuidar desse poder transformador. Afinal, só podemos contribuir para o melhor desenvolvimento das crianças se transmitirmos melhores hábitos.
E um deles é justamente ser o pai que faz também atividades domésticas:
- limpa a casa,
- a mantém em ordem,
- observa a geladeira e a despensa,
- coordena as atividades dos pequenos em parceria,
- cozinha,
- E mais, mais, mais etc.
Podemos, sim, mudar velhas manias do passado. Principalmente pais de meninos, como eu para mostrar como podem ser mais sensíveis. Avançamos na sociedade em discussões sobre a importância do pai na rotina doméstica. Mas sabemos que há muito ainda a fazer – literalmente.
Não há um dia em que a Isabelle, mãe dos meus pequenos Artur e Bento, não chame a minha atenção para meus erros ou distrações. E isso tem me ajudado. Poderia ser mais rápido? Sim! Mas disso se trata: de evoluir, mesmo que a passos de tartaruga.
Bem-estar dos filhos nos detalhes
Deveria ser um pré-requisito para toda pai e mãe fazer com que seus filhos se sintam bem. Não é criar uma bolha ou achar que tudo tem que ser perfeito.
Pelo contrário.
Sabemos que uma boa relação entre pais e filhos não é um anúncio de margarina. Mas tem a ver com o contexto e os mínimos detalhes. Ou seja, se os nossos pequenos se sentem amados, acolhidos e apoiados no contexto geral.
10 condições mínimas para o bem-estar dos filhos:
- Afeto e atenção,
- Alimentação,
- Saúde,
- Moradia,
- Ensino,
- Estímulos,
- Apoio,
- Tranquilidade,
- Diversão,
- Conscientização.
Tem de tudo aí, de coisas concretas, como uma escola, a coisas subjetivas, como o apoio afetivo dos pais. E isso deveria ser o básico.
Ou seja, uma criança depende muito do nosso envolvimento e dedicação para ter uma vida minimamente saudável. Por isso, a importância do pai e da mãe.
3 – Brincar: estimular o desenvolvimento e a educação dos filhos
Vamos imaginar uma caixa de areia. Ela é uma arena. Um campo de batalhas entre crianças exploradoras sem muita paciência para negociar. 😉 E, em geral, o que elas querem está (quase) sempre na mão de outra criança.
Sabemos como funciona: uma criança pega uma pazinha esquecida num canto. E ela instantaneamente vira o objeto de cobiça de todas as outras. Se fosse para combinar, não daria certo.
Mas os pequenos têm a habilidade de transformar as brincadeiras em uma disputa saudável.
Afinal, estão se testando e aos demais. Daí o valor dos pais: quem brinca com eles ajuda no seu desenvolvimento emocional e social. Porque é na brincadeira que podemos transmitir valores e aprendizados da infância.
Vejamos 10 exemplos práticos de aprendizados nas brincadeiras:
- Compartilhar com o outro
- Agradecer pelos gestos
- Esperar a vez
- Respeitar o tempo alheio
- Fazer em conjunto
- Abrir mão do que se tem ou se quer
- Entender o momento de ceder
- Interagir entre crianças desconhecidas
- Olhar em volta
- Lidar com as emoções
Parece mentira, mas tudo isso pode acontecer nos parquinhos. Ou na escola, não importa. O que vale é os pais e as mães estarem por perto para observar as brincadeiras. E contribuir para o aprendizado da molecada no brincar.
Ou seja, a importância do pai – a nossa relevância – é muito grande no contexto maior da paternidade e na participação em pequenas coisas. Como a diversão sem sair de casa e nos parquinhos. 😃