Calor de pele

A temperatura ideal do corpo humano, entre 36º C e 36,7º C, é controlada pelo hipotálamo, uma área do cérebro que faz o papel de termostato para que os órgãos internos se mantenham a 37º C.

Esse é o termômetro que a ciência usa. Uma outra temperatura, a do calor de pele, não se pode medir exatamente porque é bem mais quente. Ela atinge primeiro a epiderme, a camada mais superficial da pele, nosso maior órgão. E depois irradia a todas as partes do corpo, até chegar ao coração, que responde ao estímulo com mais batimentos que sentimos imediatamente.

O verdadeiro calor de pele

O coração não se engana, Artur. Ele sabe que o calor de pele é uma fonte de sensações muito saudáveis ao corpo e à mente. Um bem que só experimentamos quando nos abraçamos, apertamos mãos ou simplesmente nos divertimos no parque.

O calor de pele é melhor do que qualquer pílula ou xarope que o médico possa receitar. Nada que venha do consultório se compara ao contato de duas peles aquecidas, um meio de troca de energia que a natureza, nosso melhor laboratório, desenvolveu para nos proteger de males do meio externo.

“Toda vez que recebemos um abraço, nosso corpo recebe uma dose de ocitocina, neurotransmissor conhecido como hormônio do amor. A boa notícia é que, além do carinho, os abraços podem influenciar o sistema imunológico dos bebês.”

Sistema imunológico do bebê agradece cada abraço que recebe, VivaBem

O calor de pele aguça os sentidos, uma reação involuntária em cadeia que nos deixa mais vivos e alertas. Talvez nossos antepassados tenham compreendido que juntos na caverna era mais fácil espantar seus medos porque o frio e os predadores já não conseguiam entrar com a mesma facilidade.

As nossas cavernas

É assim até hoje enquanto vivemos nas nossas cavernas que hoje preferimos chamar de lares. Eu não sei dizer o motivo, mas perdemos a união quando crescemos e saímos de vez da nossa gruta familiar para enfrentar a vida adulta a céu aberto. Onde muitos se gabam de matar um leão por dia.

Os pega-pega nos parquinhos, as brincadeiras de contato nos recreios e os abraços apertados que damos nos nossos pais e mães quando somos crianças começam a diminuir na adolescência. Até que praticamente desaparecerem quando nos tornamos indivíduos em geral desapegados.

Mas falemos de nós, Artur. Na época em que você era muito pequeno, eu podia te sentir inteirinho no meu peito, seu calor somado ao meu pelo contato das nossas peles grudadas. Nesses momentos em que tudo se anula menos o momento, eu fechava os olhos para viver o que nenhuma outra experiência proporciona.

Eu tentarei manter a nossa temperatura sempre elevada. Como deve ser quando há calor de pele. Tentarei que seja assim até os meus últimos dias, sem deixar que o termômetro da nossa relação esfrie avisando que estamos a ponto de uma hipotermia.

Mas entendo que não queira abraços prolongados ou carinhos de aproximação assim que se transformar no adulto que explora longe da caverna. No entanto, peço que se permita voltar a ela algumas vezes a me visitar para nos aquecermos com o calor de pele só nosso de pai e filho.

E se um dia o contato virar algo do outro mundo para você, assista a este vídeo aí abaixo e pratique comigo. 😉

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