Ame-as, ou deixe-as

O ex-primeiro-ministro de centro-direita da Espanha, Mariano Rajoy, deu lugar ao centro-esquerdista Alberto Sánchez. O seu primeiro desafio de governo foi anunciar o seu gabinete de ministros.

A mudança de atitude é visível. Dos 17 assentos, 11 são para mulheres. São elas que cuidam da Espanha hoje, um feito marcante para um país que ainda patina em avanços sociais, represados por estruturas conservadoras muito sólidas construídas no passado, reforçadas na ditadura e resistentes na democracia.

 

Ame-as aqui, fora, no universo!

No Brasil, falta-nos um Sánchez. Aqui, precisamos lembrar às lideranças ultrapassadas da competência das mulheres – de sua importância para o bem da nação.

Na troca de governo após o impeachment mais recente, elas foram excluídas da foto. Infelizmente, ficaram as carecas e as carrancas.

Isso mesmo, Artur, o nosso atual governo assumiu funções sem chamar mulheres para compor o gabinete. Como se vê, o nosso represamento dos avanços sociais é ainda maior.

O que países mais evoluídos põem em prática, nós mantemos submergido nos grandes lagos do retrocesso histórico, como as cidades ribeirinhas inundadas pelos reservatórios das hidrelétricas.

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Valter Campanato/Agência Brasil

O poder da mulher

Não faz sentido. As mulheres arrasam em toda e qualquer posição profissional, seja dentro de uma cabine ao mando de um A380, seja à frente das empresas entregando melhores resultados aos investidores. Mas é muito mais do que isso, Artur.

“Muitas vezes usamos a biologia para explicar os privilégios dos homens, e a razão mais comum é a superioridade física masculina. É claro que é verdade que, em geral, os homens são fisicamente mais fortes do que as mulheres. Mas, se realmente dependêssemos da biologia como fonte das normas sociais, as crianças então seriam identificadas pelas mães e não pelos pais, pois, quando a criança nasce, o genitor biológico — e incontestável — é a mãe. Supomos que o pai é quem a mãe diz quem é.”

As mulheres têm o “forninho” da vida, como a sua mãe gosta de dizer. A natureza confiou a elas o nosso primeiro lar, o útero acolhedor onde nos desenvolvemos até o dia em que decidimos botar a cabeça para fora.

Ali, mergulhados na piscina amniótica, escutamos as primeiras cantigas de ninar, sentimos os primeiros sabores dos alimentos e somos embalados pelo carinho.

A natureza é sabia, ela deu às mulheres a responsabilidade da gestação. Como também a da amamentação, um laço delicado e firme entre mãe e filhos. Que um bebê sugue, puxe e morda o seu mamilo… Nenhum homem suportaria, fraqueza que fez a natureza riscar o nosso nome da sua lista de preferências.

As mulheres, pelo contrário, aparecem no topo. Mais sensíveis, ponderadas e pacientes, elas são bem mais qualificadas do que nós do gênero masculino.

Elas são elas: ame-as!

Muitos preferem desprestigiar as meninas diminuindo seus créditos, como um candidato a um emprego que sabe que o concorrente direto é melhor. Esse é um esforço natimorto porque as mulheres nos superam, sim, em muitos requisitos.

Elas são elas, ponto. E daí a estarem um passo adiante, mais donas das situações. O que os nossos governantes fazem de não chamar mulheres para o topo da cadeia é uma burrice entre muitas outras. Isolados em seus clubinhos, eles deixam de ver com os sentimentos femininos, de sentir com a visão mais apurada das mulheres.

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Repeite-as, Artur. Sempre. E mais um pouco. Você perceberá com a idade que as mulheres, além do que eu já elogiei, têm um coração amigo, daqueles que escutam sem barganhar trocas.

Elas são capazes de perdoar, mesmo depois de sofrer. De se impor, mesmo depois de maltratadas. De se amar, mesmo depois de julgadas. Enfim, as mulheres são o que deveríamos praticar no nosso mundo masculinizado.

Mas você já sabe do que falo porque a sua mãe é um exemplo. Ela se derrete quando o coração amolece, e se posiciona se fazemos algo errado. Nisso, somos reincidentes apesar das suas tentativas obstinadas de nos ajudar a entender que evoluiríamos se praticássemos o que ela sugere.

O mundo dispensa os brutamontes neste momento em que exemplos como o da Espanha são a exceção. A crise é séria, mostra a foto dos nossos ministros. Vem delas, das mulheres, a nossa maior esperança de renovação – e sobrevivência.

Isso porque nós homens estamos apertando os botões errados há séculos, incompetência que nos fez chegar neste beco escuro e aparentemente sem saída.

Para sermos homens mais felizes

Por isso, é a vez delas. Deixemos que nos guiem por caminhos mais iluminados e arejados. A foto tem de ser com elas em destaque mostrando toda a sua beleza.

E se chegarmos a aparecer, que seja no cantinho com cara feliz de estarmos ao lado delas, respeitando-as e amando-as. Só assim para sermos homens mais felizes.

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