Ser pai na pandemia

Ser pai na pandemia pode ser uma oportunidade ou um desperdício da paternidade. Depende das escolhas que fizermos enquanto durar este momento esquisito da humanidade.

Se escolhemos tirar proveito da situação, curtindo mais de perto os nossos filhos, então talvez seja a maior oportunidade das nossas vidas em muito tempo.

Mas se decidimos encarar como um problema, aí é desperdiçar as chances de transformar a relação com os filhos para melhor.

Esse post é a uma tentativa de ver a coisa toda pelo lado positivo. E de desvendar quais podem ser as vantagens que o “novo normal” traz para nós pais.

A oportunidade de ser pai na pandemia

Responda sinceramente: tirando as mudanças práticas no dia a dia, como o home office e a vida mais enfurnados em casa, o que mais mudou no seu papel de pai?

De ruim, talvez só as coisas práticas, como o cansaço, a impaciência e a divisão de tempo menos clara entre o cuidado dos pequenos, a relação a dois e a rotina da casa.

Mas, na essência, nada deveria ser diferente. Afinal, seus filhos são os mesmos de sempre e o seu amor por eles continua igual, certo?

Ou seja, ninguém espera mais do que o que você já deveria ser: um pai dedicado. 😉

Por isso, ser pai na pandemia é mais do mesmo. E a boa notícia é que dá para tirar proveito, apesar dos pesares. 

Não tem receita de bolo para ser pai na pandemia

O tal “novo normal” trouxe mais intensidade a tudo, mesmo para as coisas mais banais, como comprar comida.

E isso é verdade também nas relações humanas, afinal estamos muito próximos (dentro de casa) e distantes ao mesmo tempo (videochamadas).

Uma maluquice sem tamanho, mas a maluquice que tem para hoje. O relacionamento com os filhos entra nessa conta.

Ou seja, o que já não tinha receita (ser pai), agora está ainda mais incerto (ser pai na pandemia).

O mundo está de pernas para o ar, girando no espaço e com a gente dentro.

Por isso, a paternidade também está mexida e tentando se encontrar em meio à nova realidade.

É certo que já deu para aprender alguma coisa: a arrumação perfeita da casa pode esperar; as crianças adoram ter os pais mais em casa; o trabalho parece não ter mais ponto; etc.

E esse aprendizado de quase um ano desde que a pandemia começou ajuda agora a vitaminar a paternidade.

Uma rotina familiar redonda

Um primeiro passo para aproveitar melhor a paternidade nesse momento é ter uma rotina minimamente definida. Já que passamos mais tempo em casa, com mais ansiedade, ter uma organização faz toda a diferença.

Alguns exemplos de rotina familiar são:

  • Combinar entre todos os horários da casa (refeições, banhos, hora de dormir, estudos etc.);
  • Divisão clara de tarefas (pôr e tirar a mesa das refeições, recolher o lixo, arrumar os brinquedos etc.);
  • Hora de brincar mais clara para os pequenos;
  • Tempo para exercícios (e gastar energia);
  • Definição de momentos coletivos (comidas, contar histórias, brincadeiras etc.)

Com uma rotina familiar bem definida, os pequenos têm mais facilidade de entender as coisas e nós podemos aproveitar melhor o tempo com eles.

Uma dedicação de verdade aos filhos

A dedicação aos filhos é talvez o calcanhar de Aquiles desse desafio de ser pai na pandemia.

Afinal, agora estamos mais unidos fisicamente e isso precisa se refletir de verdade em uma maior intensidade no relacionamento com os filhos.

De nada adianta não ter mais que perder horas no trânsito se você não consegue desligar o computador (ou a cabeça) depois do expediente. Sim, é certo que parece fácil dizer, mas devemos prestar atenção a esses pontos.

Com os pais em casa, as crianças esperam mais porque elas nunca tiveram essa oportunidade. Por isso, precisamos tentar realmente aproveitar o que o confinamento pode proporcionar.

Precisamos nos fazer algumas perguntas:

  • Dei mais qualidade à minha paternidade desde o início dessa crise global?
  • Já consigo conciliar melhor o tempo de trabalho com o da família?
  • Os pequenos se sentem mais acolhidos?
  • As crianças se sentem estimuladas, apesar das mudanças na rotina?

Essas são algumas das reflexões que todo pai deveria se fazer para revisar a dedicação aos filhos.

Porque temos uma ótima oportunidade de tirar proveito do momento, ou seja, melhorar a paternidade.

Home-office sem estresse

O trabalho em casa é um dos motivos mais citados por pais e mães que têm dificuldade para dar atenção aos filhos desde de que a crise começou.

E as notícias refletem isso:

Procura por babás aumenta 30% durante a pandemia

Sem escola, mais de 1,5 milhão de crianças estão em casa há 9 meses em SP

Também nesse caso é possível ver a situação de maneira positiva.

O home-office é intenso, cansativo e intrometido. Afinal, ele não respeita horários em vários momentos do dia e pode atrapalhar muito a rotina da família.

Não são raros casos de pessoas que passam manhãs e tardes inteiras passando da videoconferência para videoconferência por causa do trabalho remoto. E isso impacta na paternidade e na maternidade, claro.

Por isso, é importante também tentar colocar em prática melhores hábitos do home-office:

  • Ter instantes de descanso entre as reuniões;
  • Fechar a câmera para se alongar ou mesmo caminhar enquanto participa das videoconferências;
  • Cuidar da ergonomia (cadeira ideal, mesa apropriada e iluminação adequada, por exemplo);
  • Não se irritar com as interrupções dos pequenos;
  • Respeitar os horários de começo, almoço e fim do expediente;
  • Todo mundo sabe que não é fácil colocar tudo em prática.

O ideal é tentar encontrar o melhor equilíbrio para o trabalho remoto não ser o grande vilão da sua rotina familiar.

Essa mamata vai acabar

Como assim mamata? Desde quando ser pai na pandemia é uma mamata?

Não é, mas ter a oportunidade de estar efetivamente mais próximo dos filhos é, sim, uma novidade que não deve ser desperdiçada.

É muito provável que o mundo se recupere neste ano ou no próximo. As velhas ideias de todos trabalhando no escritório, tendo que se deslocar para isso, podem voltar. E, com elas, a rotina manjada de antes, em que estar juntos era mais difícil.

Agora que já foi possível aprender a viver mais em casa, trabalhar de casa e cuidar dos filhos em meio a tudo isso… Por que então abrir mão?

A melhor relação entre pais e filhos, o desenvolvimento das crianças mais conectado aos pais e a paternidade com home office são realidades agora.

E se custou tanto a aprender nos últimos meses, então melhor aperfeiçoar em vez de abrir mão, certo?

E sem esquecer: são os filhos que agradecem. 😉

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