Fortes emoções

Alegria

A memória é fraca, mas a que fica daquela manhã de fortes emoções é mais ou menos esta.

Era véspera do Dia das Mães no COD. Um sábado no clube, eba! Você chegou bem, fazendo festa. Mas o mundo girou assim que começaram as atividades com as outras crianças e pais. Veio um choro muito sentido que fez a sua barriga parecer sanfona.

A sua mãe, sempre alerta e sensível nessas ocasiões em que a infância mais parece um curso intensivo de psicologia aplicada, tentou te consolar, eu tentei te consolar, mas foi inútil.

Medo

Os seus sentimentos saltaram à quadra, onde todos brincavam com bolas, bexigas e tacos de madeira. As suas lágrimas deixaram círculos escuros no piso que só eu vi. Os seus gritos deram a volta no ginásio, misturados aos ecos da algazarra e dos gritos animados da coordenadora ao microfone.

Os medos que a sua respiração ofegante exalava condensariam no ar do inverno, coisa que não era por causa do calor precipitado daquela manhã. Você estava distante, como o norte do sul. Eu e a sua mãe encolhemos com frio na barriga do sobe e desce da montanha russa.

Mas tudo bem.

Tristeza

Você cresce, Artur, e aprende que as emoções são assim, tomam conta. Queremos contagiar, mas choramos. Fazemos calar, quando o silêncio só piora. Damos de ombros, em vez de abraçar.

A coerência nessas horas diz adeus e os impulsos tomam o lugar, quando caímos no vazio, sem apoio ou quem nos agarre antes da queda. Os sentimentos levam para baixo, como também jogam muito para cima, bem lá onde nada se sustenta e volta ao chão.

Pesquisadores norte-americanos identificaram 27 tipos de emoções que caracterizam as reações humanas às mais variadas situações, desafiando a velha suposição da psicologia que resume esses sentimentos em apenas seis tipos –felicidade, tristeza, medo, surpresa, raiva e nojo.

Temos 27 tipos de emoções, não apenas seis, aponta estudo, UOL

Amor

Você sente emoções fortes, meu querido Artur, porque o coração às vezes aperta e o peito encolhe junto expulsando o ar que não sobra. O corpo tenta resistir puxando oxigênio de volta, mas o ânimo se entrega.

Pode durar uma manhã, como a nossa, ou dias, meses, a vida toda. Ou acontece o contrário, de a alegria inundar a circulação de dormência, como um anestésico bem dosado.

Eu e a sua mãe te acolhemos naquela manhã na tentativa de acalmar os temores que você tentou colocar em palavras. Mas os pais falham, ou fazem menos do que o necessário.

Tudo bem, também.

Entre muitos erros e acertos, aprendemos juntos, eu, você e a sua mãe, a abraçar os sentimentos mais nossos. 😉

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