O Dia dos Pais é sinônimo de presente, como acontece com o Dia das Mães. Sim, é certo que essas duas datas até inspiram reflexões, mas em geral a publicidade e o comércio fazem mais barulho.
Aqui, a ideia é pensarmos diferente. Ou seja, no que ser pai pode representar mais além de uma loucura de ofertas e promoções. Afinal, a paternidade é como a respiração – não dá para simplesmente deixar de respirar ou tudo para.
Vamos pensar juntos em como aproveitar essa data para que estar com os filhos seja muito mais do que só um domingo feliz.
Quando é o Dia dos Pais? Sempre teve presente?
Os pais tiveram o seu papel na evolução da humanidade desde o princípio. Alguns mais presentes, outros menos, claro. Já a origem do Dia dos Pais é mais recente – e menos comercial.
Ela começa no início do século XX, quando pessoas em diferentes cidades dos Estados Unidos tentaram mobilizar suas comunidades em torno de uma celebração aos pais.
Mas a iniciativa, muito inspirada no Dia das Mães, instituído em 1914, não emplacava, embora fosse ganhando força pouco a pouco. A virada aconteceu quando políticos do país começaram a se envolver.
Até que, em 1966, o presidente Lyndon Baines Johnson (1908-1973) decidiu que o terceiro domingo de junho seria o Dia dos Pais. Mas foi Richard Nixon (1913-1994), em 1972, quem assinou o decreto presidencial que transformaria a data em uma celebração nacional permanente.
Por que o Dia dos Pais em agosto no Brasil?
Aqui, a data teve desde o início um interesse comercial, segundo pesquisa da BBC. A ideia foi de Sylvio Behring, publicitário e diretor do jornal e da rádio Globo.
Com o apoio destes veículos de comunicação, ele conseguiu criar o Dia do Papai, no Rio de Janeiro, em 16 de agosto de 1953, data que coincidia com o Dia de São Joaquim, pai de Nossa Senhora e considerado patriarca de família.
No ano seguinte, o Brasil abraçou a iniciativa. E a mudança para o segundo domingo de agosto foi adotada em analogia ao Dia das Mães, no segundo domingo de maio.
É claro que até hoje a memória da Globo diz que as intenções eram as melhores possíveis, mas o que Behring realmente buscava era atrair anunciantes. No fim das contas, não é diferente dos dias de hoje.
Você tem o que celebrar?
Bom, agora que sabemos a origem da data, a pergunta que fica é: o que há para celebrar? E aí, vale a consciência de cada um. Ou seja, a sua consciência de pai: se ela está ou não tranquila…
Este blog, por exemplo, é uma tentativa minha de exercitar minhas reflexões da paternidade. Porque sabemos que ser pai é uma correria desajeitada contra o tempo e a rotina…
Por isso, deixamos muitas vezes de olhar para dentro e de nos confrontar de verdade sobre a nossa participação no desenvolvimento dos filhos.
De novo: você tem o que celebrar no seu Dia dos Pais? Merece o presente maior que são os seus filhos?
Sim, os filhos são o nosso maior presente. E do jeito que são ou possam ser, porque a sua individualidade é um ótimo subproduto da paternidade e da maternidade.
No passado, a individualidade dos filhos era vista como fraqueza dos pais, mas isso já não vale para o nosso tempo.
E pais e mães que não percebem ou valorizam isso estão deslocados e sem noção.
A maior celebração do Dia dos Pais é poder olhar os filhos e perceber o quanto eles são donos de si mesmos. Ou seja, o quanto aprenderam com a gente que podem (e devem) ser o que desejam ser.
Que presente dar no Dia dos Pais?
Pera: como assim, dar presente?! Essa não é uma data de receber? Pois, os filhos só têm motivos para dar o que quer que seja aos seus pais se, antes, receberem muito amor e respeito. Concorda?
Por isso, essa data tem que presentear, na verdade, os filhos. Ou seja, que eles sintam orgulho e amor pelos pais que têm. E a coisa se inverte: o Dia dos Pais vira um presente para os filhos, não o contrário.
Eles podem até se animar em te reconhecer como um pai ideal, mas isso só acontecerá se forem presenteados TODOS OS DIAS.
Não caia na pilha do comércio e fique sentado esperando por presentes. Ou ache que um domingo feliz basta.
Tente, em troca, entender se você é ou pode ser o melhor presente para seus filhos: um pai com o qual eles tem conexão.
Estar presente e ser um pai criativo
A conexão entre pessoas só existe se há troca. Isso todos sabemos. Mas como podemos trazer isso para as nossas paternidades?
Ora, a conexão espontânea acontece no momento em que sabemos que seremos pais, ganha mais força quando vemos o ultrassom e se intensifica no nascimento.
Até aqui, tudo bem porque essa é uma conexão de via única – você, de fora da barriga, aprendendo a amar seu bebê que ainda não te conhece, embora possa te ouvir.
Quando a paternidade te chama
Mas depois do nascimento tudo muda porque a paternidade vira um vai e vem de sentimentos. E expectativas. Os filhos começam a fazer parte do mundo, e a se entender dentro dele. Por isso, participar é única opção para uma paternidade que seja presente (sem os vícios da chamada paternidade ativa).
A conexão se firma e a sua presença ganha volume. Mas precisamos ser criativos para não cair na mesmice de achar que a paternidade se resolve apenas por estarmos próximos.
Sem criatividade, fica difícil se reinventar a cada dia para ser uma melhor pessoa – e pai – e para encantar os pequenos.
Ou seja, os filhos merecem um Dia dos Pais presente. Um Dia dos Pais em que sua presença, nos 365 dias do ano, é sentida, compartilhada e celebrada por eles.