A leitura é uma das conquistas mais fascinantes da nossa espécie, meninos. Mais gigante do que construir pontes ou dominar a natureza. Aprender a ler o suspense do feijão brotando no algodão, a poesia de um pôr do sol ou romance de um casal de pinguins apaixonados é uma experiência reveladora.
Ela acelera os pensamentos, que agitam os desejos, animando as ações. Que energia! E não tem a ver só com o que vemos.
Olhos leem bem, mas a pele também. Como o nariz. Ou os ouvidos. O superpoder do qual estamos falando mexe com todos os sentidos, físicos e emocionais.
É uma sensibilidade fina a qualquer estímulo, seja o calor de uma fogueira ou a frieza da indiferença. O coração, por exemplo, é puro sentimento. E ele é capaz de ler os outros, do mesmo jeito que o cérebro, amigo da razão.
Ou seja, não importa como. De um jeito ou de outro, vocês vão aprender a ler. Isso é abraçar a vida; absorver o que ela tem a mostrar.
E a coisa começa cedo na barriga das nossas mães, onde somos capazes, nos últimos meses de gestação, de ouvir as cantigas de ninar que elas entoam ou as conversas abafadas que vêm de fora.
Aprender a ler o colo
Nosso primeiro lugar no mundo depois que deixamos o confinamento do útero é o colo. Bem encaixados entre os braços de quem nos pariu, testamos nossos sentidos. E os sentimentos que eles despertam.
O calor da mama da mãe na bochecha. O raspar do tecido do body no corpo. Os diálogos quase mudos das visitas em casa. Tudo é novo e estranho. Mas mágico, como penso que deve ser para cada bebê.
No colo, começamos a perceber, ainda que sem muita consciência, que tudo nos afeta, e que por isso a evolução nos deu a habilidade da leitura. Sem ela, a vida seria bem mais difícil. E tediosa, claro.
De fato, somos como máquinas bem desenhadas para sentir uma chuva de verão, a água do banho ou a textura picante de um gramado.
Tudo no nosso corpo parece estar meticulosamente encaixado no local certo para o nosso deleite das coisas. Obrigado, natureza!
Leitura em movimento
E quando aprendemos a andar, a leitura se aprofunda. Pegamos mais traquejo em entender os personagens, as cenas e os contextos em que nos metemos.
Porque a leitura que fazemos do mundo ajuda na construção do nosso caráter. Dos três aos cinco anos, à medida que exploramos limites, começamos a compreender quem somos.
Nosso vocabulário aumenta para muito além do “papá”, “mámá”, “sim” e “não”. As respostas que damos se tornam mais elaboradas, assim como as perguntas.
E só fazemos isso porque a história das nossas vidas fica mais elaborada e rica, como pular de um gibi para um romance.
Livros que ensinam a ler
Aprender a ler, meninos, extrapola a alfabetização. Mas encontrar significado nas letras é um grande passo para vocês lerem a vida também pelos livros.
E eles são ótimos amigos e companheiros. Não fosse a literatura, jamais expandiríamos os nossos sentidos. Ou conheceríamos personagens e histórias incríveis. Quem folheia páginas e devora capítulos, conversa mais consigo mesmo.
Como pai, meninos, posso sugerir algumas obras que me fizeram ser um pouco mais do jamais pude almejar. Apenas por ler. Por entrar ali na vida de personagens que, de capítulo em capítulo, ensinaram-me o que ser e o que não ser. 🖖
Leiturinha básica
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