abraço Arquivo - O que você falou? https://oquevocefalou.com.br/tag/abraco/ Um blog sem licença-paternidade Tue, 08 Jan 2019 19:04:19 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.5 https://oquevocefalou.com.br/wp-content/uploads/2019/03/cropped-o_que_voce_falou_favicon-2-32x32.jpg abraço Arquivo - O que você falou? https://oquevocefalou.com.br/tag/abraco/ 32 32 Calor de pele https://oquevocefalou.com.br/calor-de-pele/ https://oquevocefalou.com.br/calor-de-pele/#respond Mon, 02 Apr 2018 16:30:36 +0000 https://oquevocefalou.wordpress.com/?p=7167 A temperatura ideal do corpo humano, entre 36º C e 36,7º C, é controlada pelo hipotálamo, uma área do cérebro que faz o papel de termostato para que os órgãos internos se mantenham a 37º C. Esse é o termômetro que a ciência usa. Uma outra temperatura, a do calor de pele, não se pode ...

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A temperatura ideal do corpo humano, entre 36º C e 36,7º C, é controlada pelo hipotálamo, uma área do cérebro que faz o papel de termostato para que os órgãos internos se mantenham a 37º C.

Esse é o termômetro que a ciência usa. Uma outra temperatura, a do calor de pele, não se pode medir exatamente porque é bem mais quente. Ela atinge primeiro a epiderme, a camada mais superficial da pele, nosso maior órgão. E depois irradia a todas as partes do corpo, até chegar ao coração, que responde ao estímulo com mais batimentos que sentimos imediatamente.

O verdadeiro calor de pele

O coração não se engana, Artur. Ele sabe que o calor de pele é uma fonte de sensações muito saudáveis ao corpo e à mente. Um bem que só experimentamos quando nos abraçamos, apertamos mãos ou simplesmente nos divertimos no parque.

O calor de pele é melhor do que qualquer pílula ou xarope que o médico possa receitar. Nada que venha do consultório se compara ao contato de duas peles aquecidas, um meio de troca de energia que a natureza, nosso melhor laboratório, desenvolveu para nos proteger de males do meio externo.

“Toda vez que recebemos um abraço, nosso corpo recebe uma dose de ocitocina, neurotransmissor conhecido como hormônio do amor. A boa notícia é que, além do carinho, os abraços podem influenciar o sistema imunológico dos bebês.”

Sistema imunológico do bebê agradece cada abraço que recebe, VivaBem

O calor de pele aguça os sentidos, uma reação involuntária em cadeia que nos deixa mais vivos e alertas. Talvez nossos antepassados tenham compreendido que juntos na caverna era mais fácil espantar seus medos porque o frio e os predadores já não conseguiam entrar com a mesma facilidade.

As nossas cavernas

É assim até hoje enquanto vivemos nas nossas cavernas que hoje preferimos chamar de lares. Eu não sei dizer o motivo, mas perdemos a união quando crescemos e saímos de vez da nossa gruta familiar para enfrentar a vida adulta a céu aberto. Onde muitos se gabam de matar um leão por dia.

Os pega-pega nos parquinhos, as brincadeiras de contato nos recreios e os abraços apertados que damos nos nossos pais e mães quando somos crianças começam a diminuir na adolescência. Até que praticamente desaparecerem quando nos tornamos indivíduos em geral desapegados.

Mas falemos de nós, Artur. Na época em que você era muito pequeno, eu podia te sentir inteirinho no meu peito, seu calor somado ao meu pelo contato das nossas peles grudadas. Nesses momentos em que tudo se anula menos o momento, eu fechava os olhos para viver o que nenhuma outra experiência proporciona.

Eu tentarei manter a nossa temperatura sempre elevada. Como deve ser quando há calor de pele. Tentarei que seja assim até os meus últimos dias, sem deixar que o termômetro da nossa relação esfrie avisando que estamos a ponto de uma hipotermia.

Mas entendo que não queira abraços prolongados ou carinhos de aproximação assim que se transformar no adulto que explora longe da caverna. No entanto, peço que se permita voltar a ela algumas vezes a me visitar para nos aquecermos com o calor de pele só nosso de pai e filho.

E se um dia o contato virar algo do outro mundo para você, assista a este vídeo aí abaixo e pratique comigo. 😉

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Altos e baixos https://oquevocefalou.com.br/altos-e-baixos/ https://oquevocefalou.com.br/altos-e-baixos/#comments Mon, 01 Jan 2018 18:20:57 +0000 https://oquevocefalou.wordpress.com/?p=7023 Eu trabalhei durante alguns anos em um edifício em que um senhor, sozinho e sentado em um banco menor do que ele preferiria se lhe dessem uma oportunidade, resistia às pressões da evolução do mercado de trabalho e das novas tecnologias da indústria de elevadores, concebida em Coney Island por Elisha Otis em 1851. Todos ...

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Eu trabalhei durante alguns anos em um edifício em que um senhor, sozinho e sentado em um banco menor do que ele preferiria se lhe dessem uma oportunidade, resistia às pressões da evolução do mercado de trabalho e das novas tecnologias da indústria de elevadores, concebida em Coney Island por Elisha Otis em 1851.

Todos os dias sem falta ele apertava seus botões pacientemente – às vezes com gestos muito lentos como se sua única intenção fosse irritar os mais apressados, e talvez o fizesse de verdade –, de modo a conduzir seu elevador para cima e para baixo, recebendo e deixando pessoas nos andares daquele edifício de meia altura em uma cidade com ambições cada vez mais vertiginosas.

Manhã e tarde eu via o senhor cumprir metodicamente sua jornada de trabalho, guiando-me pelas alturas ou me levando para o térreo com sua expressão indiferente, salvo poucas ocasiões em que retribuía meus agradecimentos com um movimento de canto de boca quase imperceptível, gesto que, se bem me lembro, estava mais para um espasmo de irritação do que para uma tentativa de sorriso.

Aquele senhor era um ascensorista caricato. Seu gestual enrijecido de quem se deixara transformar em mais uma peça da mecânica de funcionamento do elevador, os olhares que ele evitava, toda a sua presença apagada despertava nas pessoas que ainda o reconheciam como um semelhante certas reflexões sobre o desencontro entre profissões terminais como a sua e as transformações em curso nas ruas.

Mas todos os dias sem falta ele apertava seus botões pacientemente. Jamais lhe perguntei nada que me ajudasse a ligar mentalmente os pontos de sua vida ou a entender os altos e baixos pelos quais passara sem que fosse ele o ascensorista. O que tento dizer é que ele estava ali, não mais do que isso para mim e para os outros que lhe ditavam os andares em que desejavam descer.

Após anos sem me lembrar da sua existência, voltei a vê-lo sentado na mesma posição e mais envelhecido no dia em que fui a uma consulta médica naquele edifício. O elevador me transportou desta vez ao passado, uma viagem curta em que ele foi meu acompanhante silencioso e indiferente mais uma vez. Como nos velhos tempos. Eu mudei, mas foi como se não. E ele nem sequer me concedeu o movimento de canto de boca.

Todos dizem que a vida é incrível, que devemos buscar a tal felicidade. Quem sabe, mas também acontece de ela se repetir no que pode ser uma rotina confinada em um elevador, o que não faz do nosso ascensorista uma pessoa melhor ou pior. Se alguém teve ou tiver a oportunidade de ouvir sua história, saberá identificar momentos alegres, sabedoria, tristeza e todos os demais componentes de uma existência igualmente estimulante.

Quem somos para deduzir que um senhor que leva anos em um elevador, por mais carrancudo que seja, tem uma vida sem vida só de observá-lo em sua ocupação? E se a sua magia está fora daquela caixa metálica quando já não o vemos porque jamais nos interessamos em saber um pouco mais dele? Ascensoristas também amam, como o fazem todos que, por mais indiferentes ou aborrecidos que pareçam, têm sim um mundo de histórias a contar.

https://twitter.com/NosArtur/status/875809847513624578

Tendemos a confundir a complexidade de uma pessoa com o número de viagens que ela fez, faz ou fará, com a quantidade de supostos amigos em suas redes sociais ou os andares que subiu na carreira. Balela. Acredito cada vez mais que a única certeza que podemos ter ao olhar para alguém é que ali há um multiverso a explorar. Você vai expandir o seu, como bem entender e sem se rotular por isso, com os altos e baixos só seus.

https://www.youtube.com/watch?v=iw6HsKkALp4

E se um dia encontrar um ascensorista, diga-lhe que mandei um abraço.

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Abraço só nosso https://oquevocefalou.com.br/abraco-so-nosso/ https://oquevocefalou.com.br/abraco-so-nosso/#respond Mon, 10 Jul 2017 04:42:52 +0000 https://oquevocefalou.wordpress.com/?p=4848 Melhor começar já, antes de o sentimento empedrar e porque daqui a alguns anos você não vai me abraçar como fez outro dia antes de dormir. Você terá crescido – e aprimorado a habilidade de reprimir carinhos espontâneos. Mas eu terei escrito – e reunido nos parágrafos seguintes a lembrança de quando nos abraçamos incondicionalmente. ...

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Melhor começar já, antes de o sentimento empedrar e porque daqui a alguns anos você não vai me abraçar como fez outro dia antes de dormir.

Você terá crescido – e aprimorado a habilidade de reprimir carinhos espontâneos. Mas eu terei escrito – e reunido nos parágrafos seguintes a lembrança de quando nos abraçamos incondicionalmente.

Prometo escolher bem as palavras. A sua mãe estava na sala, vidrada em uma série, enquanto eu e você, no quarto, abríamos os ritos da adoração aos seus deuses do sono, entidades caprichosas que adulamos com certas oferendas.

Primeiro cama quentinha, depois conversa, seguida de um livro de histórias coloridas, emendado a outro e, por fim, a massagem com óleo nas costas, quando as deidades se dão por convencidas e liberam passagem ao reino dos sonhos. Cama. Conversa. Livro. Livro. Óleo nas costas.

Todas. As. Noites.

Nesta em questão, as divindades resistiram em abrir o portal. Você demorou mais do que o normal para pegar no sono, um tantinho de tempo no todo de nossas vidas, mas intenso como a força de um tsunami, que se alimenta das próprias entranhas no seu avanço silencioso pelo mar.

Olhando para mim, com os olhos semicerrados, você me puxou para perto, o que nunca faz, apenas com a sua mãe. No mesmo instante, percebi que aquela noite era diferente, que o sono tardio despertara instintos de afeto, entorpecendo seu cérebro com emoções, fazendo-o enviar comandos em série ao pequeno corpo teu.

A puxada para perto foi seguida de uma encostadinha de testas. Quando me dei conta, uma de suas mãos se meteu debaixo da minha bochecha, enquanto a outra pousou sobre o meu ombro, comprimindo-o para baixo, um jeito delicado que você encontrou, mesmo exausto, de me manter imóvel.

Eu pude sentir o seu calor se misturando ao meu; o cheirinho de Artur impregnando os meus pensamentos sobre o verdadeiro significado da paternidade. Percebi o tempo dar uma parada no quarto, comovido com o nosso abraço, sem se importar em interromper sua caminhada rumo ao futuro.

Quanto a mim, voava sem sair do lugar, como na cena de um filme que um dia veremos juntos.

Um abraço espontâneo, Artur, é mais do que um gesto. É um manifesto não escrito, mas entendido, dos seus sentimentos autênticos e sinceros. Um abraço, como o nosso, acontece porque entrelaça duas pessoas que se amam, assim como os fios enroscados dão força à corda. Conexão é a palavra.

“A study published earlier this month suggests that, in addition to making us feel connected with others, all those hugs may have prevented us from getting sick. At first, this finding probably seems counterintuitive (not to mention bizarre). You might think, like I did, that hugging hundreds of strangers would increase your exposure to germs and therefore the likelihood of falling ill. But the new research out of Carnegie Mellon indicates that feeling connected to others, especially through physical touch, protects us from stress-induced sickness. This research adds to a large amount of evidence for the positive influence of social support on health.”

A Hug a Day Keeps the Doctor Away, em Scientific American

Eu disse que “daqui a alguns anos você não vai me abraçar como fez outro dia antes de dormir”. É verdade – embora custe prevê-lo. A vida vai oxidar seus sentimentos, enviesar sua espontaneidade, enfim, vai transformá-lo em adulto, com todos os preconceitos embutidos.

Abraços são muitas vezes malvistos como demonstrações de fraqueza, e há pessoas que se sentem desconfortáveis, especialmente em alguns países em que é raro ver gente tão unida.

No Brasil, o abraço tem muitas faces. Existe o frouxo, só para constar. Outro, é o de tapinha condescendente nas costas, que ninguém quer. Há o abraço traiçoeiro, que precede a punhalada. E, de vez em quando, aparece o abraço sincero, com calor.

As pessoas que valem a pena se abraçam para valer, como fizemos eu e você, tanto à noite exaustos antes de dormir como em qualquer outra hora. Eu continuarei a te abraçar até quando tenha forças, e sempre com os meus sentimentos genuínos. E não importa como irá reagir porque o abraço que já demos vale por uma vida.

 

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