emoção Arquivo - O que você falou? https://oquevocefalou.com.br/tag/emocao/ Um blog sem licença-paternidade Fri, 05 Mar 2021 07:44:36 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.5 https://oquevocefalou.com.br/wp-content/uploads/2019/03/cropped-o_que_voce_falou_favicon-2-32x32.jpg emoção Arquivo - O que você falou? https://oquevocefalou.com.br/tag/emocao/ 32 32 Medo infantil: o que não esquecer para apoiar https://oquevocefalou.com.br/medo-infantil/ https://oquevocefalou.com.br/medo-infantil/#respond Mon, 25 Jan 2021 16:56:36 +0000 https://oquevocefalou.com.br/?p=9344 Você tem medo de aranha, barata, altura ou de outra coisa? Sim, verdade? Por que então os seus filhos não devem sentir a mesma coisa? O medo infantil é uma das emoções mais autênticas. Mas como saber o que é normal e o que não é? Esse texto é justamente para vermos mais a fundo ...

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Você tem medo de aranha, barata, altura ou de outra coisa? Sim, verdade? Por que então os seus filhos não devem sentir a mesma coisa? O medo infantil é uma das emoções mais autênticas. Mas como saber o que é normal e o que não é?

Esse texto é justamente para vermos mais a fundo o que é o medo das crianças, suas possíveis causas e quando o medo infantil pode ser um alerta. Ou seja, é um post sobre empatia e a nossa capacidade de acolher melhor os filhos.

Até porque quanto mais informação melhor. Principalmente para os pequenos, que vão se sentir mais bem apoiados e compreendidos. 😉

O que não deixar de saber do medo infantil

Vamos tentar nesse post ter uma visão mais ampla (e sensível) sobre esse assunto tão importante para a paternidade:

O que é o medo infantil

O medo infantil é uma das emoções mais básicas das crianças porque faz parte da nossa essência sentir temor de determinadas situações e coisas. Mais do que isso, é um “recurso” humano de prevenção e de cuidado com o desconhecido, como objetos novos, ruídos e pessoas estranhas.

Sentir medo tem relação com a ansiedade, que contribui diretamente para a maneira como crianças e adultos reagem aos seus temores. Enquanto medo tem a ver com uma coisa ou situação específica, a ansiedade equivale a uma sensação de apreensão.

Por isso, reflita por um instantinho: o universo infantil é repleto de medos reais e imaginários. Nós passamos por isso quando éramos novos, e agora que somos pais é a vez de ver essa etapa da vida de outra perspectiva. 😉

Medos infantis mais comuns

  • Escuro e sombras;
  • cães ou outros animais grandes;
  • ficar sem companhia;
  • tomar injeções ou ir ao médico;
  • insetos;
  • altura;
  • ruídos estranhos ou altos (liquidificador, por exemplo);
  • monstros imaginários, como “aquilo” debaixo da cama.

Uma emoção hereditária

Uma pesquisa do Instituto Max Planck de Ciências Cognitivas e Cerebrais Humanas, em conjunto com a Universidade de Uppsala, por exemplo, mostra que medo de aranhas e cobras é hereditário.

Isso mesmo: os cientistas descobriram que mesmo bebês de até seis meses, com pouca ou nenhuma chance de ter visto estes animais, demonstraram sinais de medo pela dilatação de suas pupilas.

A dilatação da pupila de bebês (linha vermelha) é maior quando são mostradas imagens de aranhas e cobras. © MPI CBS

Ou seja, os nossos cérebros estão programados para nos proteger porque sentir medo é parte do processo evolutivo da espécie humana.

A história do medo infantil

Todos sentimos medo de alguma coisa porque é da nossa essência. Afinal, o medo é uma das emoções que nos acompanham há mais tempo, fundamental para a sobrevivência do Homo Sapiens.

Tente imaginar os nossos ancestrais sem medo nenhum, partindo para cima de qualquer animal feroz… Seria um desastre, e não estaríamos aqui.

Na prática, funciona assim: os nossos cérebros reagem às ameaças e emitem “alertas” ao nosso corpo para que possamos correr, nos defender ou estar mais alertas. Tem sido assim há séculos, motivo pelo qual até hoje as crianças demonstram medo infantil a determinadas situações ou coisas.

Circuito do medo no cérebro

E se é certo dizer que os nossos cérebros estão programados para sentir medo, isso acontece porque de fato temos um “circuito” interno para isso. Uma de suas partes mais consagradas (e entendidas) é a das amígdalas, dois pequenos caroços com um formato parecido ao de nozes.

Essas duas estruturas, encontradas em organismos mais complexos, têm a importante função de perceber o perigo e dar o sinal ao corpo de que é hora de sentir medo.

Mas as nossas defesas são mais complexas. Alguns pesquisadores do Laboratório de Psicobiologia da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, por exemplo, dissecaram bem esse cantinho do medo nas nossas cabeças.

Para eles, três estruturas muito antigas da evolução do cérebro desempenham papel fundamental para as nossas reações de defesa. Elas são o núcleo mediano da rafe, a parte dorsal da matéria cinzenta periaquedutal e os colículos inferiores.

Cada um exerce uma função:

  • O núcleo mediano da rafe associa lugares a temores recentes ou antigos, como um local em que fomos assaltados.
  • a parte dorsal da matéria cinzenta periaquedutal está relacionada à nossa reação instintiva de “congelar” de medo.
  • por sua vez, os colículos inferiores diferenciam sons que consideramos normais dos que nos causam temor.

Medo excessivo na infância

Quando pais e mães começam a entender melhor o medo infantil, percebem que é um assunto sobre afeto. Isso porque depende de nós apoiar os pequenos também nessa descoberta do crescimento.

Ou seja, ajudá-los a entender essa emoção tão básica dos humanos.

Ser pai hoje, nesse caso, é ter a empatia de se colocar no lugar dos filhos. Se eles demonstram medo do escuro, então é ajoelhar, olhar nos olhos, abraçar e tentar acalmar. Portanto, é uma questão de acolher. 👏👏👏

Mas quando um medo (ou medos) se torna persistente e extremo, além de dirigido, pode acontecer de a criança ter um medo excessivo (ou fobia).

Nesses casos, o temor pode se desdobrar em outras consequências, como a vontade de não sair de casa por causa de um medo excessivo de cachorro, por exemplo.

Medo infantil “normal” e fobia

A diferença entre um medo “normal” e uma fobia é o grau de ansiedade e se ela é alta por muito tempo. De qualquer forma, apenas médicos especializados podem dar um diagnóstico correto.

Algumas fobias comuns em crianças, segundo o Boston Children’s Hospital, são a:

  • animais;
  • sangue;
  • escuro;
  • locais fechados;
  • viagens em avião;
  • ficar doente;
  • ter parentes doentes ou machucados;
  • altura;
  • insetos, aranhas e cobras;
  • agulhas (tomar injeção);
  • trovão e relâmpago.

Diálogo, apoio e carinho

O afeto e o acolhimento são fundamentais para o cuidado dos pequenos quando sentem medo infantil. Afinal, é quando precisam de fato de apoio para compreender melhor o que estão sentindo.

Daí que o diálogo vira uma ferramenta ideal. Como dito antes, é ajoelhar, olhar nos olhos e escutar porque estão sentindo temor.

E dessa escuta precisamos tentar contribuir para que consigam compreender o que é o medo de fato. Afinal, ser um bom pai é justamente ter conversas difíceis com os pequenos.

Não é dos desafios mais fáceis da paternidade que acolhe, até porque nossos filhos podem precisar de tempo para superar seus medos.

Posts recentes

Como lidar com o medo infantil

Assim como em quase tudo na paternidade, tentar entender é fundamental para contribuir ao desenvolvimento dos pequenos.

Por isso, o caminho das pedras aqui não precisa ser tortuoso. Pelo contrário…

Compreender o medo dos filhos

Parece óbvio, mas quantas vezes nos precipitamos no cuidado dos filhos? Sim, ouvir o que eles têm a dizer e tentar entender é o ponto de partida para lidar com o medo infantil.

E isso tem a ver com dar atenção, escutar e então apoiar. Assim como nós adultos, que às vezes só queremos desabafar, as crianças têm a necessidade também de apenas abrir coração.

Mas lógico que um(a) especialista deve ser procurado(a) sempre que alguma ponta ficar solta. Afinal, pode ser algo mais complexo como uma fobia.

Acalmar para dar acolhimento

Um abraço faz milagre, assim como um simples carinho. Quando alguém tem medo (e não só as crianças), um dos melhores antídotos é o acolhimento.

Isso porque assim fica mais fácil se acalmar e desviar a atenção para outras emoções mais positivas.

Ou seja, as críticas, deboches, reprimendas, descaso ou até omissão devem ficar de fora.

Cuidado com o que você fala

Tente lembrar quantas vezes você falou para os filhos coisas como essas:

— Não toque nisso! Você pode se machucar.

— Se você comer isso, vai ter dor de barriga!

— Não saia agora porque um raio pode cair.

São frases de certa maneira do dia dia, sem complexidade ou mistério. Mas são também um exemplo de como as palavras podem contribuir para o medo infantil. Ou mesmo a nossa atitude superprotetora, como fazem os pais de helicóptero.

Com a crise da pandemia isso tem ainda mais significado. Apesar das nossas boas intenções paternas e maternas, podemos de alguma maneira contribuir para os filhos ficarem com medo de vírus e bactérias, por exemplo.

O medo infantil até os 2 anos

Nessa idade, os medos da infância mais comuns são a:

  • Ruídos e barulhos;
  • desconhecidos;
  • não ter os pais por perto;
  • animais (cachorros, gatos, pássaros, insetos etc.);
  • situações fora de rotina.

Medo infantil até os 3 anos

Depois dos dois anos, os temores mais comuns podem mudar:

  • Luzes fortes;
  • sons que inspirem medo;
  • conceitos de bruxas, magia, monstros etc.;
  • notícias ou histórias em livros;
  • escuro ou ambientes com pouca iluminação.

Quando procurar ajuda?

Nós pais somos especialistas nos nossos pequenos porque os conhecemos nos mínimos olhares, sentimentos e choros. 😄

Mas isso não quer dizer que temos todas as respostas. Por isso, é sempre necessário buscar ajuda especializada quando já não somos capazes de resolver sozinhos as questões.

Em uma entrevista ao GZH, por exemplo, o psicanalista Julio Cesar Walz, por exemplo, diz que “deixar uma criança chorando por muito tempo, sozinha, não é educação, mas desamparo”.

Para ele, devemos ser os mediadores entre os nossos filhos e seus medos, justamente porque os conhecemos bem. Ou seja, isso inclui procurar ajuda quando necessário. Até porque podemos ser pais muito dedicados, mas não somos senhores do universo.

E muito menos da vida dos nossos pequenos.

Livros sobre medo infantil

E porque não lidar com tudo isso com leveza? Nesse sentido, a leitura é uma formidável amiga tanto para nós país quanto para a molecada.

Alguns livros são ótimos para entendermos melhor o tema:

E boas leituras! 😉

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Vote nos filhos https://oquevocefalou.com.br/vote-nos-filhos/ https://oquevocefalou.com.br/vote-nos-filhos/#comments Thu, 11 Oct 2018 15:02:27 +0000 https://oquevocefalou.wordpress.com/?p=7599 Spoiler, meninos: este “vote nos filhos” é um textão sobre política. Mas escrito com amor. O meu coração sempre me pede para eu votar com a razão de pai. Eu vejo vocês na fotinho da urna, Artur e Bento, não os candidatos carrancudos. Os números que eu digito do meu voto são como coordenadas do ...

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Spoiler, meninos: este “vote nos filhos” é um textão sobre política.

Mas escrito com amor.

O meu coração sempre me pede para eu votar com a razão de pai. Eu vejo vocês na fotinho da urna, Artur e Bento, não os candidatos carrancudos.

Os números que eu digito do meu voto são como coordenadas do nosso destino. Nenhum pai pode ser inconsequente na hora de apertar os botões.

Ainda mais agora. O momento é de consternação e lamento, de esperança e medo, de olhar para o futuro e ver o passado. O Brasil em que vivemos hoje, meninos, é um país enviesado e torto como o caule sem guia de uma planta jovem, que pende para o lado forçada pelos ventos fortes soprados de direita já há algumas estações.

Muito do que tento dizer a vocês que não está certo, como são o preconceito, a apologia à violência, a intolerância e a mentira, caíram no gosto do povo, que se perfila para dizer nas urnas com o voto que tudo isso junto pode levar o país adiante, quando, em realidade, é o contrário.

Vote nos filhos: a política do voto

A política, que vocês desconhecem, é talvez o exercício mais elaborado da complexidade humana. Na democracia em que vivemos, um candidato sem realizações ao longo de mais de 20 anos recebe voto. E desponta como possível presidente do país. Sua campanha gerou uma onda de indignação – e outra de adesão incondicional como voto de catarse – aglutinada em torno da hashtag #EleNão.

Um candidato que nada diz, mas a muitos ofende. E quem jamais votará nele por discordar da sua agressividade e platitude deve aceitá-lo mesmo assim como candidato porque este é o princípio elementar da democracia.

Neste sistema político, um candidato deste tipo pode vencer e desviar a vida da população para o mesmo rumo das rajadas de direita. O nosso caule já envergou infelizmente, projetando uma sombra. E a beleza da democracia é que um dia o pendor pode mudar de lado se os sopros de esquerda voltarem a ser constantes.

Vocês dois têm tempo ainda para aprender sobre a política e sentir qual vento, de centro, de esquerda ou de direita, menos incomode os seus sentidos.

Mas lembrem-se: depois de decidirem tenham em perspectiva que o clima – e voto – nos países e nas cidades sempre muda, como acontece em alto mar com a direção das correntes de ar obrigando os marinheiros a retraçarem suas rotas.

Mantenham-se no rumo de suas convicções. Sejam coerentes mesmo diante de rajadas na contrária, mas também abertos a outros pontos de vista. No oceano da convivência, as velas se inflam de um lado. Mas de outro no instante seguinte. E vocês precisam manter os olhos abertos para desviarem dos navegantes de outras bandeiras no caminho.

“Minha intenção foi mostrar que aquilo que indivíduos fazem no cotidiano pode parecer pequeno diante da história, mas não o é. Escolher agir segundo a ética da profissão pode impedir que um regime autoritário se imponha. Queria dizer às pessoas que elas têm mais poder do que pensam.”

Direita ou esquerda

A minha escolha, meninos, sempre foi pela esquerda. A percepção que tenho é de que os movimentos e partidos de esquerda são mais sensíveis – e dedicados – às necessidades de quem tem necessidades. Vejam, excessos e omissões sempre existiram, mas para mim a balança continua inclinada para este lado.

Ser de esquerda ou direita é uma escolha que acontece naturalmente conforme crescemos e nos identificamos com determinadas posições. Não acredito que exista o centro, mas muitas pessoas dizem estar no meio – ou levemente para a esquerda ou direita.

O que acontece se vocês seguirem pelo lado aposto ao meu? Nada. Como nada deve acontecer quando encontrarem e conviverem com pessoas que pensem diferente de vocês.

O Brasil hoje está intolerante e rarefeito porque perdemos o respeito pela opinião, sem lembrar que a democracia supõe o diálogo e a diversidade.

Não se deixem intimidar se tentarem silenciar vocês, meninos. Exponham suas convicções, tentem ser coerentes e mudem se acharem que é o caso. Nos tempos de hoje pode parecer inútil ou cansativo defender o que parece indefensável, mas esse é a entrega pessoal da democracia.

Limite das coisas

Na história recente do nosso país, as elites testaram de tudo. Uma luta contra os marajás pela retenção das economias de todas as famílias – ao menos das desavisadas que tinham suas economias aplicadas nos bancos –, as privatizações sem redistribuição de renda, a reeleição para benefício próprio no curso do próprio mandato, a edição do debate político e o golpe vestido de impeachment, para ficarmos em alguns exemplos.

A elite brasileira é assanhada, ensimesmada, autorreferente e dona de si e do Brasil. Quando vocês tiverem olhos treinados, meninos, vão perceber que aqui a elite é deslumbrada consigo mesma e sua riqueza, sem o menor requinte ou educação que se deveria esperar de quem folheou um dia os melhores livros.

“Os ricos acreditam que poderão se proteger sozinhos do impacto ambiental gerado pelo neocapitalismo selvagem. Há uma guerra contra a democracia porque o sistema, cada vez mais, está construído para servir às elites, e isso se choca com a democracia real, porque há muito mais gente com menos proteção…”

Do outro lado, a esquerda que tanto esperou para conquistar o poder se perdeu com ele, desviando para si o que deveria entregar aos mais carentes. Bem que tentaram uma redistribuição, e fizeram como nunca no país. Mas quem cobra o exemplo deve se agarrar a ele, sem frequentar os mesmos salões antes exclusivos à elite.

Tudo tem limite, meninos. Daí outro exercício da democracia: a autocrítica. Eu faço a minha diariamente até o limite da razão, ou seja, por mais que reconheça os excessos – e são muitos – da esquerda, como a corrupção, eu jamais usarei tal argumento para apoiar o que hoje o candidato Jair Bolsonaro prega – porque é isso, nada mais do que pregação populista.

Se a corrupção é o argumento, nenhum partido hoje no Brasil merece votos. Muito menos o dele, uma agremiação nanica e obscura resultado do nosso multipartidarismo oportunista. Quem usa a corrupção da esquerda para justificar seu voto no extremismo de direita está, em realidade, sendo hipócrita ao não assumir que, lá no fundinho do coração, compactua com o que há de pior da humanidade.

E tudo, repito, tem limite.

 

Manual de sobrevivência

A política é também o desafio de tentar encontrar o equilíbrio entre a paixão e o desapego, uma escola de como dosar as convicções mais íntimas com as urgências do outro. Exige aprendizado e prática, tanto nas discussões de fato políticas como no convívio do dia a dia, em que nossas decisões e atos devem se adaptar às objeções que vierem.

Permitam-me, meninos, sugerir a vocês um manual de sobrevivência na democracia:

  • Estudem sobre o que ela supõe. Muito.

https://youtu.be/Wp-WAaQ_tlI

  • Leiam o que conseguirem sobre política, sem comedimento ou preguiça.
  • Reflitam sobre as diferenças e a desigualdade. Abram os olhos, meninos!
  • Escutem o outro em silêncio. Deixem que fale sem interromper.
  • Construam argumentos com responsabilidade e jogo limpo, defendendo-os sem impor.
  • Jamais tentem convencer ninguém, apenas compartilhem seus pontos de vista.
  • Não se abalem se suas opiniões forem as da minoria. Acalmem o coração e lembrem que a democracia se renova.
  • Respeitem. Respeitem. Respeitem. Exijam o mesmo em troca.
  • E respirem fundo.

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Dois irmãos https://oquevocefalou.com.br/dois-irmaos/ https://oquevocefalou.com.br/dois-irmaos/#comments Thu, 27 Sep 2018 17:56:34 +0000 https://oquevocefalou.wordpress.com/?p=7525 Irmãos Posêidon, Zeus e Hades. Caim e Abel. Jacob e Wilhelm Grimm. Roy Oliver e Walt Disney. Yaqub e Omar. Dimitri, Alieksiêi e Ivan Karamazov. Sonny, Fredo e Michael Corleone. Beverly, Eveanna, Kenyon e Nancy Clutter. Todos eles irmãos, Artur. De épocas e famílias diferentes. Histórias que você vai conhecer, e pelas quais irá se ...

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Irmãos Posêidon, Zeus e Hades. Caim e Abel. Jacob e Wilhelm Grimm. Roy Oliver e Walt Disney. Yaqub e Omar. Dimitri, Alieksiêi e Ivan Karamazov. Sonny, Fredo e Michael Corleone. Beverly, Eveanna, Kenyon e Nancy Clutter.

Todos eles irmãos, Artur. De épocas e famílias diferentes. Histórias que você vai conhecer, e pelas quais irá se apaixonar. Como eu fiz, pois foi daí que aprendi o pouco que sei de irmãos de sangue.

Eu os observo com fascínio porque a minha criação de filho único foi rodeada de adultos. Mas preciso contar a verdade a você: meu meio-irmão existe, e nunca nos vimos; apenas nos falamos brevemente por telefone há pouco tempo, sem muito o que dizer e ouvir.

Os meus irmãos nasceram de amizades, talvez a base mais sólida de uma irmandade. Eles têm seus irmãos de certidão, e a mim por escolha. E entre nós aprendemos muito, como a dizer que amamos, a entender a hora de deixar todo o resto de lado para estar ao lado e a agradecer pelo trabalho do acaso.

Irmãos de sangue

Do que eu percebo, irmãos de sangue desenvolvem dinâmica própria, muito oscilante como o coração com as emoções. Minha mãe e tio não se falam, por exemplo. Ao mesmo tempo que se amam pelo laço e pela convivência, irmãos de nascença também chegam a se odiar pelas mesmas razões.

Riem juntos, mas podem chorar em separado. A convivência só deles é como um vidro translúcido através do qual enxergamos sem ver.

“Ele teve que engolir o vexame. Esse e outros, de Yaqub e também do outro filho, Omar, o Caçula, o gêmeo que nascera poucos minutos depois. O que mais preocupava Halim era a separação dos gêmeos, “porque nunca se sabe como vão reagir depois…”. Ele nunca deixou de pensar no reencontro dos filhos, no convívio após a longa separação.”

À distância, a irmandade é a diferença que cabe na semelhança, sem espaço para a monotonia. Irmãos crescem sob o mesmo teto e riem das mesmas chacotas de família. Mas sem perceber se cumprimentam já adultos separados por medos e pontos de vista inconsoláveis.

Acontece todos os dias, em todas as famílias. No meio de tudo, pais que deram a mesma educação tentam se orientar entre os polos, mais por amor cego do que pela razão.

 

Pai no plural

Talvez por essas observações eu sempre tenha sentido medo de ser pai no plural. Sinceramente, um temor roteirizado na minha cabeça, cuja cena de abertura poderia ser esta:

ALMOÇO DE DOMINGO.

COMIDA SOBRE A MESA A FERVILHAR.

JANELAS ABERTAS E LUZ EXTERNA ABUNDANTE.

PAI SENTADO DE FRENTE PARA A MÃE.

ELES SE OLHAM CADA QUAL EM LATERAIS OPOSTAS DA MESA RETANGULAR.

FILHOS DO CASAL EM CADA CABECEIRA, SEUS OLHARES DESVIADOS.

O SILÊNCIO TOMA CONTA DO AMBIENTE.

Consegue visualizar, Artur?

Dois irmãos em silêncio no almoço de domingo, sentados um de frente para outro sem se encarar, e entrincheirados em cada ponta da mesa.

Chame-me de pessimista ou dramático se quiser. Talvez cego porque seguramente existe candura entre irmãos. Estou para ver. E mais agora, bem de perto como jamais pude prever, porque temos um novo personagem nas nossas histórias: o Bento é um de nós! 😉

 

Seu irmão Bento

Você ganhou um irmão de sangue, Artur. Um feito que te destrona enquanto te eleva. Vocês se conheceram no primeiro dia de vida dele, quando a pele roxeada do Bentinho ainda conservava restos de placenta.

É um começo promissor de puro instituto animal de duas criaturas paridas do mesmo ventre. Ou acha coincidência a sua mania de cheirar o Bento como um cão perdigueiro?! E a dele de se contorcer para te manter à vista?

Vocês têm o mundo para desconstruir juntos. Peça a peça, fantasia a fantasia. Uma oportunidade de se darem as mãos nos parquinhos, nas viagens e nos encontros em família. Artur e Bento. Bento e Artur. Dois que podem ser quatro ou mais, sempre e quando desejarem estar juntos.

 

Filhos meus

Incrível que eu, na condição de filho único, tenha agora a oportunidade de assistir de perto ao desenvolvimento de dois irmãos filhos meus. Um desafio e tanto: mais do que curtir da janelinha, terei às vezes de cutucar feridas. Teto de vidro que seguramente se romperá com o meu peso se antes você e o Bento não fortalecerem a sua relação.

Vocês não podem se perder um do outro para a sua cumplicidade incondicional da infância, como na hora de escalarem uma árvore proibida ou de se defenderem na escola, amadurecer com o tempo. No geral, a relação entre irmãos começa íntima mas perde a espontaneidade.

Mas façam diferente entre vocês; que a sua parceria apenas cresça com a idade, como deveria ser. Ou seja, melhores irmãos constroem muros baixos em torno de si, apenas para demarcar o território mas à medida para serem pulados.

Almoço de domingo

Voltemos à cena do almoço de domingo, mas desta vez com um outro roteiro.

ALMOÇO DE DOMINGO.

COZINHA. FILHOS DÃO OS ÚLTIMOS RETOQUES NA SALADA ENQUANTO PÕEM A CONVERSA EM DIA.

SALA DE JANTAR. MÃE E PAI SENTADOS LADO A LADO COMEÇAM A SERVIR OS ALIMENTOS PARA OS FILHOS.

FILHOS DEIXAM A COZINHA AOS RISOS. SENTAM-SE À MESA.

PAIS SE SERVEM.

ALEGRIA E DESCONTRAÇÃO DOMINAM O AMBIENTE.

Consegue visualizar a diferença, Artur?

Você e o Bento riem juntos na cozinha, enquanto finalizam a salada. Eu e a sua mãe, à espera na mesa, sentimo-nos à vontade para servi-los. Nesta cena, estamos todos reunidos em família.

Não a família Doriana, mas uma em que vocês se querem bem apesar das diferenças. Neste roteiro adaptado, não há trincheiras, mas cadeiras coladas, encontrões de braços e caldos entornados, como em um bom almoço à italiana.

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Fortes emoções https://oquevocefalou.com.br/fortes-emocoes/ https://oquevocefalou.com.br/fortes-emocoes/#respond Sun, 27 May 2018 18:13:51 +0000 https://oquevocefalou.wordpress.com/?p=7262 Alegria A memória é fraca, mas a que fica daquela manhã de fortes emoções é mais ou menos esta. Era véspera do Dia das Mães no COD. Um sábado no clube, eba! Você chegou bem, fazendo festa. Mas o mundo girou assim que começaram as atividades com as outras crianças e pais. Veio um choro ...

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Alegria

A memória é fraca, mas a que fica daquela manhã de fortes emoções é mais ou menos esta.

Era véspera do Dia das Mães no COD. Um sábado no clube, eba! Você chegou bem, fazendo festa. Mas o mundo girou assim que começaram as atividades com as outras crianças e pais. Veio um choro muito sentido que fez a sua barriga parecer sanfona.

A sua mãe, sempre alerta e sensível nessas ocasiões em que a infância mais parece um curso intensivo de psicologia aplicada, tentou te consolar, eu tentei te consolar, mas foi inútil.

Medo

Os seus sentimentos saltaram à quadra, onde todos brincavam com bolas, bexigas e tacos de madeira. As suas lágrimas deixaram círculos escuros no piso que só eu vi. Os seus gritos deram a volta no ginásio, misturados aos ecos da algazarra e dos gritos animados da coordenadora ao microfone.

Os medos que a sua respiração ofegante exalava condensariam no ar do inverno, coisa que não era por causa do calor precipitado daquela manhã. Você estava distante, como o norte do sul. Eu e a sua mãe encolhemos com frio na barriga do sobe e desce da montanha russa.

Mas tudo bem.

Tristeza

Você cresce, Artur, e aprende que as emoções são assim, tomam conta. Queremos contagiar, mas choramos. Fazemos calar, quando o silêncio só piora. Damos de ombros, em vez de abraçar.

A coerência nessas horas diz adeus e os impulsos tomam o lugar, quando caímos no vazio, sem apoio ou quem nos agarre antes da queda. Os sentimentos levam para baixo, como também jogam muito para cima, bem lá onde nada se sustenta e volta ao chão.

Pesquisadores norte-americanos identificaram 27 tipos de emoções que caracterizam as reações humanas às mais variadas situações, desafiando a velha suposição da psicologia que resume esses sentimentos em apenas seis tipos –felicidade, tristeza, medo, surpresa, raiva e nojo.

Temos 27 tipos de emoções, não apenas seis, aponta estudo, UOL

Amor

Você sente emoções fortes, meu querido Artur, porque o coração às vezes aperta e o peito encolhe junto expulsando o ar que não sobra. O corpo tenta resistir puxando oxigênio de volta, mas o ânimo se entrega.

Pode durar uma manhã, como a nossa, ou dias, meses, a vida toda. Ou acontece o contrário, de a alegria inundar a circulação de dormência, como um anestésico bem dosado.

Eu e a sua mãe te acolhemos naquela manhã na tentativa de acalmar os temores que você tentou colocar em palavras. Mas os pais falham, ou fazem menos do que o necessário.

Tudo bem, também.

Entre muitos erros e acertos, aprendemos juntos, eu, você e a sua mãe, a abraçar os sentimentos mais nossos. 😉

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Sem a carapuça https://oquevocefalou.com.br/sem-a-carapuca/ https://oquevocefalou.com.br/sem-a-carapuca/#respond Sun, 13 Aug 2017 21:08:27 +0000 https://oquevocefalou.wordpress.com/?p=6061 Hoje, Dia dos Pais, eu só tenho a agradecer. Não por ser teu pai ou por você ser meu filho, mas por te conhecer, Artur. Dispenso o título de pai. Ele vale menos do que as três letras da palavra. A emoção que faz chorar, de inchar as pálpebras, está em conhecer um indivíduo que ...

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Hoje, Dia dos Pais, eu só tenho a agradecer. Não por ser teu pai ou por você ser meu filho, mas por te conhecer, Artur.

Dispenso o título de pai. Ele vale menos do que as três letras da palavra. A emoção que faz chorar, de inchar as pálpebras, está em conhecer um indivíduo que surpreende. Você.

Pai que cai na armadilha de se levar a sério perde a real experiência porque, em vez de se surpreender, tenta ser ele a surpresa para os filhos.

Adora se sentir o cara legal quando abre a porta à noite depois do trabalho ou o pretenso herói à paisana que finge que tudo pode. Balela. Na prática, entende pouco da essência das coisas.

Deveria ser diferente. Precisa ser, ou definharemos pouco a pouco como espécie. Porque os filhos são melhores até os estragarmos; vocês apontam o caminho para a evolução.

“Nessa época ouvi dizer que o primeiro sintoma da velhice é quando a gente começa a se parecer com o próprio pai.”

Memória de minhas putas tristes, de Gabriel García Márquez

Agradeço, Artur, por te conhecer porque você dá mais do que recebe. Em leveza, em alegria, em sinceridade. Seja o que for, nós adultos ficamos bem longe de chegar perto de vocês. Isso, todo mundo sabe.

No Dia dos Pais, faço o esforço de não vestir a carapuça. Quero continuar assim, a te ver com respeito, um tipo sincero de deferência que muitos adultos – e pais, infelizmente – acham que não serve para crianças.

Daí a minha escolha de seguir te conhecendo como indivíduo. Para, quem sabe, conhecer o melhor de mim.

https://www.youtube.com/watch?v=OxqCxcveyXk

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Sem a carapuça https://oquevocefalou.com.br/sem-a-carapuca/ https://oquevocefalou.com.br/sem-a-carapuca/#respond Sun, 13 Aug 2017 21:08:27 +0000 https://oquevocefalou.wordpress.com/?p=6061 Hoje, Dia dos Pais, eu só tenho a agradecer. Não por ser teu pai ou por você ser meu filho, mas por te conhecer, Artur. Dispenso o título de pai. Ele vale menos do que as três letras da palavra. A emoção que faz chorar, de inchar as pálpebras, está em conhecer um indivíduo que ...

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Hoje, Dia dos Pais, eu só tenho a agradecer. Não por ser teu pai ou por você ser meu filho, mas por te conhecer, Artur.

Dispenso o título de pai. Ele vale menos do que as três letras da palavra. A emoção que faz chorar, de inchar as pálpebras, está em conhecer um indivíduo que surpreende. Você.

Pai que cai na armadilha de se levar a sério perde a real experiência porque, em vez de se surpreender, tenta ser ele a surpresa para os filhos.

Adora se sentir o cara legal quando abre a porta à noite depois do trabalho ou o pretenso herói à paisana que finge que tudo pode. Balela. Na prática, entende pouco da essência das coisas.

Deveria ser diferente. Precisa ser, ou definharemos pouco a pouco como espécie. Porque os filhos são melhores até os estragarmos; vocês apontam o caminho para a evolução.

“Nessa época ouvi dizer que o primeiro sintoma da velhice é quando a gente começa a se parecer com o próprio pai.”

Memória de minhas putas tristes, de Gabriel García Márquez

Agradeço, Artur, por te conhecer porque você dá mais do que recebe. Em leveza, em alegria, em sinceridade. Seja o que for, nós adultos ficamos bem longe de chegar perto de vocês. Isso, todo mundo sabe.

No Dia dos Pais, faço o esforço de não vestir a carapuça. Quero continuar assim, a te ver com respeito, um tipo sincero de deferência que muitos adultos – e pais, infelizmente – acham que não serve para crianças.

Daí a minha escolha de seguir te conhecendo como indivíduo. Para, quem sabe, conhecer o melhor de mim.

https://www.youtube.com/watch?v=OxqCxcveyXk

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