chuva Arquivo - O que você falou? https://oquevocefalou.com.br/tag/chuva/ Um blog sem licença-paternidade Sun, 12 Sep 2021 21:40:53 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.5 https://oquevocefalou.com.br/wp-content/uploads/2019/03/cropped-o_que_voce_falou_favicon-2-32x32.jpg chuva Arquivo - O que você falou? https://oquevocefalou.com.br/tag/chuva/ 32 32 Petricor ou o significado de coisas simples https://oquevocefalou.com.br/significado-de-petricor/ https://oquevocefalou.com.br/significado-de-petricor/#comments Sun, 24 Feb 2019 20:00:06 +0000 https://oquevocefalou.wordpress.com/?p=60 No passado, quando éramos caçadores coletores, aprendemos em algum momento a associar a chuva à fertilidade da natureza. E o cheiro da chuva tem até um nome: petricor. Mas qual é o significado de petricor, nome que deram ao odor da chuva quando ela cai no solo seco? Foi na década de 1960 que o ...

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No passado, quando éramos caçadores coletores, aprendemos em algum momento a associar a chuva à fertilidade da natureza. E o cheiro da chuva tem até um nome: petricor. Mas qual é o significado de petricor, nome que deram ao odor da chuva quando ela cai no solo seco?

Foi na década de 1960 que o termo apareceu pela primeira vez em um trabalho científico. E essa história é muito interessante de contar.

E se me permite, leitor(a), chamo meus filhos Artur e Bento para nos acompanharem nessa leitura sobre ciência, sentidos e sensibilidade. 😏

Petricor: a ciência dá um significado ao cheiro de chuva

Tentem imaginar, Artur e Bento, o que deveria ser para os primeiros de nós, que mal dominavam a consciência de si mesmos, testemunhar as cargas d’água. Naquela época, tudo era mais silencioso e previsível. Por isso, chuvas e tempestades deviam encantar nossos antepassados.

Até porque eles logo devem ter percebido um cheiro especial toda vez que chovia. Como fazemos hoje, mesmo em nossas cidades poluídas. O tempo passou, até que no século passado dois cientistas começaram a investigar essa fragância tão natural.

Quem inventou o nome?

A palavra petricor surgiu em 1964, no artigo científico A natureza do odor argiloso. Nele, os cientistas Isabel (Joy) Bear e Richard Thomas publicaram suas descobertas sobre o perfume da chuva na revista Nature.

Vejamos como eles escreveram pela primeira vez sobre petricor:

“The diverse nature of the host materials has led us to propose the name ‘petriohor’ for this apparently unique odour which can be regarded as an ‘ichor’ or ‘tenuous essence’ derived from rock or stone. This name, unlike the general term ‘argillaceous odour’, avoids the unwarranted implication that the phenomenon is restricted to clays or argillaceous materials; it does not imply that petrichor is necessarily a fixed chemical entity but rather it denotes an integral odour, variable within a certain easily recognizable osmic latitude.”

Trecho do estudo A natureza do odor argiloso, em que a palavra petricor aparece pela primeira vez

Thomas buscava há anos uma resposta para o fato de um cheiro característico se repetir regularmente quando chovia. Ou seja, ele queria saber se o “odor argiloso”, que já era conhecido na época, também podia ser usado para descrever o que sentimos quando chove.

Laboratório e pesquisa

Mas não podia. A pesquisa dos dois mostrou que era preciso usar outro nome para evitar “a implicação injustificada de que o fenômeno é restrito a argilas ou materiais argilosos”. Mas Bear e Thomas não eram os únicos a perceber o valor do cheiro da chuva…

Isso porque uma perfumaria da Índia já tinha conseguido isolar o cheiro da chuva a partir o óleo de sândalo, batizando o odor de matti ka attar (ou perfume da terra).

Mas Bear e Thomas não sabiam disso quando usaram seus conhecimentos científicos para resolver o enigma. Esse é o papel da ciência: decifrar os mistérios das natureza e o que muitas vezes mexe com os nossos sentimentos.

E como eles, outros pesquisadores se interessaram pelo petricor.

O sangue das pedras

Agora que sabemos quando e como a ciência deu nome a esse cheiro maravilhoso, precisamos entender como tudo acontece.

Mas, primeiro, vamos entender a origem da palavra escolhida por Bear e Thomas. 😉

Petricor, como o nome de chuva é chamado desde 1964, é a união de pedra (do grego πέτρα ou pétrā) e sangue (ἰχώρ ou ichṓr; de fluído etéreo, sangue dos deuses).

A escolha dessa palavra tem seu motivo. Nas suas pesquisas, Bear e Thomas eles descobriram um óleo amarelado aos destilar o vapor de rochas expostas a condições extremas de calor e a locais secos. Esse óleo preso nas rochas e no solo acaba sendo liberado pela umidade, o que causa o petricor (sangue das pedras).

Sentimos o cheiro de chuva quando a umidade aumenta (aviso de chegada de chuva), preenchendo com água os poros das rochas e do solo impregnados de petricor.

Bactérias em ação

Agora, vamos conhecer o principal componente do petricor: o gênero Streptomyces, “um grupo especial de bactérias filamentosas importante na decomposição de matéria orgânica”. Elas estão presentes em solos úmidos, daí a fórmula perfeita da nossa fragrância natural.

“So when you’re saying you smell damp soil, actually what you’re smelling is a molecule being made by a certain type of bacteria,” he told the BBC. That molecule, geosmin, is produced by Streptomyces. Present in most healthy soils, these bacteria are also used to create commercial antibiotics.”

Ou seja, as bactérias Streptomyces produzem a geosmina, um tipo de actinobactéria presente no solo. E sua detecção acontece quando o solo está molhado.

Cultura de Streptomyces petricor
Cultura de Streptomyces sp.

“Because these bacteria thrive in wet conditions and produce spores during dry spells, the smell of geosmin is often most pronounced when it rains for the first time in a while, because the largest supply of spores has collected in the soil.”

A força dos trovões

Além do petricor, o ozônio (O3), um dos gases que compõem a atmosfera, também dá a sua contribuição.

Com odor característico, ele pode ser sentido em dias de fortes chuvas porque é criado quando os trovões, poderosos senhores das tempestades, “quebram” moléculas de oxigênio.

O significado de petricor ao vivo

E como seria ver o petricor de perto? Além disso, em câmera lenta… Aqui está 👇👇👇.

Os cientistas são assim. Eles têm os corações apaixonados e curiosos de criança, mas suas mentes são pragmáticas. Afinal, elas precisam organizar as coisas, de modo que a nossa própria existência no universo seja minimamente compreensível.

Debruçados sobre a privacidade das gotas com máquinas superpotentes, precisas e imparciais, não só batizaram o cheiro de chuva com o nome estranho, mas também o filmaram.

O real significado da magia do petricor

Quando uma chuva cai, a magia de fato acontece. E vocês, meus meninos, já a viram. Ou melhor, já a sentiram em seus pequenos narizes, muito parecidos com o meu, como dizem. Essa é a minha maneira de contar a vocês (a quem estiver lendo) desse aroma especial.

Que vem ao vento quando as gotas frias do céu encontram a terra e o chão secos depois de um período de estiagem.

É um frescor suave que lembra a memória do significado das coisas simples. Mas perceber as coisas simples não é simples coisa. À medida que envelhecemos, tomamos gosto por esse exercício tão humano de complicar, dar peso ao que deveria levitar.

Enigmas da vida

Vocês mostram a mim e à sua mãe uma já sensibilidade para isso quando nos insinuam, com sinceridade – por que não simplicidade? –, que sabemos de tudo, mas não sabemos de nada. A minha paternidade tem muito disso.

Mas voltemos ao aroma das gotas. Além de darmos pouco valor a esse e outros enigmas da vida, tão devotos que somos às nossas falsas urgências, não nos contentamos em admirar apenas, sentimos a necessidade de dar significados.

A natureza era pura revelação. No entanto, a evolução nos deu poderes, e a pretensão de acharmos que ela está aí para nos servir.

“For me, petrichor smells like renewal. It’s the rain equivalent of throwing a big, soapy bucket of water across grubby paving stones. Or a dog emerging from a lake and shaking itself down ready for the next adventure. It signals birth, resetting, resumption.”

Petricor, talvez concordem comigo, não tem um significado com aroma, muito menos poesia. Petricor soa aos meus ouvidos como uma coisa estranha, em vez de me fazer sentir o cheiro da chuva.

Mas evite as coisas complicadas, Artur e Bento, tenham vocês dez, 15 ou 50 anos. Ou seja, tentem, nas suas caminhadas e descobertas, abraçar o simples e se impregnar ao máximo do cheiro de chuva.

E não de petricor. 🙂

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Aprender a ler https://oquevocefalou.com.br/aprender-a-ler/ https://oquevocefalou.com.br/aprender-a-ler/#comments Tue, 30 Oct 2018 11:51:12 +0000 http://oquevocefalou.com.br/?p=7708 A leitura é uma das conquistas mais fascinantes da nossa espécie, meninos. Mais gigante do que construir pontes ou dominar a natureza. Aprender a ler o suspense do feijão brotando no algodão, a poesia de um pôr do sol ou romance de um casal de pinguins apaixonados é uma experiência reveladora. Ela acelera os pensamentos, ...

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A leitura é uma das conquistas mais fascinantes da nossa espécie, meninos. Mais gigante do que construir pontes ou dominar a natureza. Aprender a ler o suspense do feijão brotando no algodão, a poesia de um pôr do sol ou romance de um casal de pinguins apaixonados é uma experiência reveladora.

Ela acelera os pensamentos, que agitam os desejos, animando as ações. Que energia! E não tem a ver só com o que vemos.

Olhos leem bem, mas a pele também. Como o nariz. Ou os ouvidos. O superpoder do qual estamos falando mexe com todos os sentidos, físicos e emocionais.

É uma sensibilidade fina a qualquer estímulo, seja o calor de uma fogueira ou a frieza da indiferença. O coração, por exemplo, é puro sentimento. E ele é capaz de ler os outros, do mesmo jeito que o cérebro, amigo da razão.

Ou seja, não importa como. De um jeito ou de outro, vocês vão aprender a ler. Isso é abraçar a vida; absorver o que ela tem a mostrar.

E a coisa começa cedo na barriga das nossas mães, onde somos capazes, nos últimos meses de gestação, de ouvir as cantigas de ninar que elas entoam ou as conversas abafadas que vêm de fora.

Então aqui estou, de cabeça para baixo, dentro de uma mulher. Braços cruzados pacientemente, esperando, esperando e me perguntando dentro de quem estou, o que me aguarda.

Aprender a ler o colo

Nosso primeiro lugar no mundo depois que deixamos o confinamento do útero é o colo. Bem encaixados entre os braços de quem nos pariu, testamos nossos sentidos. E os sentimentos que eles despertam.

O calor da mama da mãe na bochecha. O raspar do tecido do body no corpo. Os diálogos quase mudos das visitas em casa. Tudo é novo e estranho. Mas mágico, como penso que deve ser para cada bebê.

No colo, começamos a perceber, ainda que sem muita consciência, que tudo nos afeta, e que por isso a evolução nos deu a habilidade da leitura. Sem ela, a vida seria bem mais difícil. E tediosa, claro.

De fato, somos como máquinas bem desenhadas para sentir uma chuva de verão, a água do banho ou a textura picante de um gramado.

Tudo no nosso corpo parece estar meticulosamente encaixado no local certo para o nosso deleite das coisas. Obrigado, natureza!

Leitura em movimento

E quando aprendemos a andar, a leitura se aprofunda. Pegamos mais traquejo em entender os personagens, as cenas e os contextos em que nos metemos.

Porque a leitura que fazemos do mundo ajuda na construção do nosso caráter. Dos três aos cinco anos, à medida que exploramos limites, começamos a compreender quem somos.

Nosso vocabulário aumenta para muito além do “papá”, “mámá”, “sim” e “não”. As respostas que damos se tornam mais elaboradas, assim como as perguntas.

E só fazemos isso porque a história das nossas vidas fica mais elaborada e rica, como pular de um gibi para um romance.

A leitura do mundo precede a leitura da palavra.

Livros que ensinam a ler

Aprender a ler, meninos, extrapola a alfabetização. Mas encontrar significado nas letras é um grande passo para vocês lerem a vida também pelos livros.

E eles são ótimos amigos e companheiros. Não fosse a literatura, jamais expandiríamos os nossos sentidos. Ou conheceríamos personagens e histórias incríveis. Quem folheia páginas e devora capítulos, conversa mais consigo mesmo.

Como pai, meninos, posso sugerir algumas obras que me fizeram ser um pouco mais do jamais pude almejar. Apenas por ler. Por entrar ali na vida de personagens que, de capítulo em capítulo, ensinaram-me o que ser e o que não ser. 🖖

Leiturinha básica

 

 


 

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