altruísmo Arquivo - O que você falou? https://oquevocefalou.com.br/tag/altruismo/ Um blog sem licença-paternidade Sat, 23 Jul 2022 14:42:40 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.5 https://oquevocefalou.com.br/wp-content/uploads/2019/03/cropped-o_que_voce_falou_favicon-2-32x32.jpg altruísmo Arquivo - O que você falou? https://oquevocefalou.com.br/tag/altruismo/ 32 32 O bicho do altruísmo https://oquevocefalou.com.br/significado-do-altruismo/ https://oquevocefalou.com.br/significado-do-altruismo/#comments Sat, 12 Oct 2019 15:37:28 +0000 https://oquevocefalou.com.br/?p=8533 Tenho um segredo de pai a contar, Artur e Bento. Preparados? Sou um bicho do altruísmo, meninos. Mas qual é o significado do altruísmo? Vou tentar aqui explicar o que é o altruísmo e porque tem tanta importância para o desenvolvimento das crianças. Não sou um bicho raivento, mas um com medo do bicho homem. ...

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Tenho um segredo de pai a contar, Artur e Bento. Preparados? Sou um bicho do altruísmo, meninos. Mas qual é o significado do altruísmo?

Vou tentar aqui explicar o que é o altruísmo e porque tem tanta importância para o desenvolvimento das crianças.

Não sou um bicho raivento, mas um com medo do bicho homem. Isso porque a minha espécie está em extinção, difícil de ver na sociedade de hoje. Mais parecemos uma lenda popular – um pé-grande-chupa-cabra que vive no lago Ness.

O que é o bicho do altruísmo, afinal?

Para começar, qual é o significado do altruísmo? Na folha amarelada do dicionário, é:

substantivo masculino
1 fil segundo o pensamento de Comte (1798-1857), tendência ou inclinação de natureza instintiva que incita o ser humano à preocupação com o outro e que, não obstante sua atuação espontânea, deve ser aprimorada pela educação positivista, evitando-se assim a ação antagônica dos instintos naturais do egoísmo
1.1 amor desinteressado ao próximo; filantropia, abnegação

Parece inofensivo, mas um tanto revolucionário para a nossa atualidade, cheia de ideias extremas e extremadas. Vejamos: amor desinteressado ao próximo…, filantropia…, abnegação…

Está explicado: se nós, bichos do altruísmo, somos isso só poderíamos mesmo ser pés-grandes-chupa-cabras. Ou seja, quase extintos. Ou quase unicórnios, meninos. Mas estamos por aí, em alguns lugares, revirando as sobras.

E quem topa com a gente não sabe bem o que fazer com o próprio espanto e estranheza. Afinal, quem ainda está acostumado a receber amor desinteressado?! Vocês não percebem, Artur e Bento, mas as pessoas em geral sentem dificuldade de se comprometer com o ❤ amor ❤.

Pouquíssimas compreendem a filantropia, que mais parece uma exclusividade excêntrica mesmo entre os super-ricos. Já a abnegação dispensa comentário, de tão obscura para a humanidade de hoje.

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Petricor ou o significado das coisas simples
Abraço só nosso

Ser altruísta começa na infância

Algumas pesquisas científicas desvendam a prática de pensar e ajudar o outro. Um estudo da Universidade de Washington, por exemplo, com 100 bebês de pouco mais de um ano de idade, demonstrou a iniciativa das crianças de compartilhar comida espontaneamente com estranhos.

Nesse estudo, os pequenos receberam pedaços de frutas enquanto dividiam uma mesa com os cientistas, sem conhecê-los. Detalhe: esse encontro aconteceu pouco antes do horário habitual de alimentação da molecada.

E mesmo com fome, 37% delas ofereceram seu pedaço de fruta apesar da vontade de comer. Ou seja, pensaram antes no outro.

Altruísmo vem do sangue. É o DNA

Para a ciência, o altruísmo é coisa muito séria. Descobrir sobre ele é saber quem somos!

Por que se preocupar com os outros? De que serve ajudar desconhecidos?

O altruísmo está incrustado em nós. Melhor, ele é a nossa genética. A minha, a de vocês, Artur e Bento, e a de todo mundo! E, mesmo assim, ele anda adormecido, como um vírus que a humanidade já não considera uma ameaça de tanto que se vacinou contra ele.

Uma das hipóteses da origem do altruísmo vem da teoria da criação cooperativa. Ela se baseia na ideia do cuidado de bebês “não apenas pela mãe, mas também por outros membros da família e, às vezes, até por adultos não relacionados”, segundo explicação de Michael Balter .

“Among the advantages of cooperative breeding, Burkart adds, is that mothers can give birth to new offspring while the previous ones are still dependent on adult care, thus increasing their reproductive success.”

Para alguns especialistas, a criação cooperativa surgiu quando descemos das árvores para viver na savana ou planícies. Nesse novo “lar”, as mães tinham mais dificuldades de criar recém-nascidos ou filhotes devido à maior exposição a predadores.

A cooperação no grupo seria uma alternativa evolutiva, uma vez que mães com filhotes – agora assistidos por outros adultos – podiam se dar ao luxo de ter mais crias. O bicho do altruísmo começava a conquistar o seu espaço.

Citações da palavra “altruism” nos livros

Um resumo da história do altruísmo

  • Começamos a usar ferramentas.
  • Passamos a viver em grupo.
  • Nossos cérebros cresceram.
  • O desenvolvimento dos bebês demorava.
  • Era preciso protegê-los por mais tempo.
  • Surgia a seleção natural para o grupo, em paralelo à seleção individual.
  • Grupos mais altruístas tendem a sobreviver mais.
  • E a procriar. Mesmo com o individualismo/egoísmo no plano pessoal.

“The interesting thing is that over the thousands of generations we began to achieve a balance between genes that promote altruism and empathy, and genes that promote selfishness. Groups that were too selfish couldn’t compete with the pro-social, altruistic groups that helped each other out. On the other hand groups that were too altruistic would slowly get taken over by the few individuals among them who were more selfish.”

Na verdade, o nosso cérebro é equipado com dois sistemas distintos – um calculista, outro cheio de empatia –, que, juntos, estabelecem um equilíbrio necessário para a criação cooperativa. Assim, somos capazes de ajudar uns aos outros até com afeto, sem abrir mão dos nossos desejos mais íntimos – ou egoístas.

E como o altruísmo evoluiu?

À medida que a criação cooperativa se estabeleceu, bem como outras práticas em grupo, atitudes voltadas ao outro chamaram a atenção.

Não por acaso, filósofos começaram a refletir sobre esse comportamento humano. Depois deles, cientistas e pesquisadores também dedicaram tempo a tentar encontrar um significado para o altruísmo. E uma questão fundamental é: por que um organismo ajudaria outro em troca de nada?

Até matemáticos se desafiam a encontrar uma resposta coerente, Artur e Bento. O pesquisador George Constable, da Universidade de Princeton, por exemplo, olhou com atenção para fungos de levedura – e como eles praticam o altruísmo.

Nesse caso, o fungo produz uma enzima capaz de decompor açúcares complexos, criando mais alimentos para a espécie. Isso, no entanto, gera um gasto de energia que poderia ser usada na procriação.

Agora, se todos os fungos só se preocuparem com a reprodução, eles correm um sério risco de extinção, uma vez que aumenta a probabilidade de não haver comida suficiente em situações extremas.

Portanto, Artur e Bento, o bicho do altruísmo se alimenta do coletivo, das ações em conjunto.

“If you have two groups of people, one of whom was very altruistic and another group that was more selfish, it’s the altruistic, more social guys, who are better able to survive the bad winter or the drought.”

Será que ajudar e benfazer tem a ver com uma atitude de médio e longo prazo com a vida? Com um jeito de se colocar no convívio social olhando mais para o contexto, e menos para o momento exato das coisas?

Significado do altruísmo puro e interesse próprio

Além do que dizem os dicionários, o altruísmo pode ser definido como um tipo de comportamento motivado pelo desejo de beneficiar alguém que não seja a si mesmo, pelo bem dessa pessoa.

Esse comportamento pode ter um alcance ainda maior. Ou seja, podemos tomar decisões com o interesse de causar algo de bom ao outro, mas também com o interesse de apenas prever ou evitar danos aos demais.

E tem mais: essa segunda “parte”, de até ter a iniciativa de não deixar que nada de mau aconteça com os demais, tem a ver, às vezes, com o que desejamos para nós mesmos.

Um exemplo: uma pessoa que dirige com cautela, mesmo com pressa, pode fazer isso por puro altruísmo (pensar nos outros, pelo seu bem). Mas também acontece de esse(a) mesmo(a) motorista agir assim porque sabe que pode parar na cadeia de atropelar alguém.

As duas maneiras de ver podem conviver juntas. Por isso, o puro altruísmo e o interesse próprio não são necessariamente opostos.

Daí uma ótima demonstração de que algumas definições na vida são mais complexas do que parecem.

Altruísta forte e fraco

Pode parecer estranho quantificar ou qualificar algo tão subjetivo, mas o fato é que os estudiosos enxergam diferenças nos atos altruístas.

Você sabia que existe altruísmo forte e altruísmo fraco? E que falar do assunto nesses termos não é tabu para os especialistas? Pois bem, vamos ver qual é a diferença. 😉

O que é o altruísmo forte

Esse tipo de altruísmo acontece quando alguém realiza um ato apesar de perceber que pode ter alguma perda em seu bem-estar.

Por exemplo: você se oferece para dar carona a um vizinho até o trabalho, mesmo sabendo que terá de percorrer mais quilômetros para chegar ao seu próprio emprego depois.

Nesse exemplo, você paratica um ato altruísta, mesmo tendo a plena consciência de que esse gesto muda o seu dia a dia e conforto.

O que é o altruísmo fraco

Já este outro tipo de atitude altruísta acontece quando o seu ato traz algum benefício também pessoal.

Um outro exemplo: você decide fazer doações regulares para instituições de caridade, sabendo que poderá deduzí-las depois do Imposto de Renda (IR).

Não se pode dizer que este não é um ato altruísta. Mas é possível dizer que seria um altruísmo fraco.

Meus exemplos de altruísmo na prática

Não adianta, meninos. Não existe um significado do altruísmo que seja exato. Afinal, treinar a empatia e o afeto é um exercício diário, que deve fazer parte do seu dia a dia.

No meu caso, sai de mim. Sem pensar – nem hesitar. Eu simplesmente faço, sem entender o que acontece. Levanto para alguém sentar, espero para o outro ir, elogio para vocês se sentirem orgulhosos.

Sou um bicho do altruísmo definitivamente. Melhor, esse elemento estranho da sociedade entrou em mim, mesmo que eu não saiba com. Por isso, estou acostumado a ele – como uma árvore se acostuma a uma orquídea.

Do que aprendi de mim mesmo, o significado do altruísmo é:

  • Olhamos além do umbigo – e do celular!
  • Observamos mais além do nosso conforto.
  • Tentamos nos colocar na situação do outro.
  • Nos importamos de conceder, em vez de só impôr.
  • Entendemos que vivemos em sociedade, não isolados.
  • Olhamos nos olhos.
  • Calamos o nosso egoísmo estridente e chato.
  • Nos sentimos bem em ajudar os outros.

Essas talvez sejam as minhas melhores dicas de como vocês, Artur e Bento, podem ser altruístas, e se tornarem adultos mais interessantes, sensíveis e conscientes.

Não é fácil nos dias de hoje. Mas vale tentar. 😉

Por que não desistir de ser altruísta

Algumas pessoas veem com certa crítica quem é altruísta. Como se pensar no próximo fosse algo ruim ou fora de lugar. Por isso, quem faz um bom gesto sincero pode se sentir sem graça ou até mal visto.

Quem é altruísta pode até pensar duas vezes antes e agir como gostaria. Afinal, ser mal interpretado é bastante comum hoje.

Mas deveria acontecer o contrário. Melhor seria se todos sentissem orgulho de dar e de receber. Mas complicar as coisas está no DNA social.

Tem que ser assim? Não. O altruísmo não precisa parecer uma quase aberração.

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Vaias da arquibancada https://oquevocefalou.com.br/vaias-da-arquibancada/ https://oquevocefalou.com.br/vaias-da-arquibancada/#respond Sun, 19 Nov 2017 12:49:47 +0000 https://oquevocefalou.wordpress.com/?p=6896 A dinâmica é mais ou menos esta: você trata as pessoas com respeito e elas, em retorno, fazem o mesmo. É do contratualismo, uma tentativa coletiva de mantermos ligadas as conexões da vida em sociedade. E sempre falha. Não há algoritmo, software, inteligência artificial, robô ou mandinga que resolva. Nada pode com as idiossincrasias humanas, ...

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A dinâmica é mais ou menos esta: você trata as pessoas com respeito e elas, em retorno, fazem o mesmo. É do contratualismo, uma tentativa coletiva de mantermos ligadas as conexões da vida em sociedade.

E sempre falha. Não há algoritmo, software, inteligência artificial, robô ou mandinga que resolva. Nada pode com as idiossincrasias humanas, tanto densas quanto levianas.

Ao que você questiona:

— Pois bem, vejamos se entendi. Trato bem a arquibancada, e pode que ela me devolva em vaias?! Não faz sentido…

Não, não faz, Artur. Nem um pouco. Nunca fez nem fará. As conexões falham porque há destas pessoas que pouco se importam, por mais que estejamos há séculos fiando e tecendo a trama social, como os povos da Ásia bem fazem com seus tapetes, desenrolando novelos sem fim e enfeitando o tecido com detalhes delicados de cuidar.

E conexões falhas interrompem o fluxo natural das coisas. Dá curto. O “Bom dia” não ouve eco, o “Eu pego para você” fica sem o “Obrigado”, e de falha em falha deixamos de lado a cortesia para cultivar a pura e destilada avareza. Não a da grana, mas a do espírito amargo, que é a mais desagradável de engolir.

O que fazer então, você deve se perguntar. Minha sugestão: comece pela observação e tome notas mentais dos comportamentos que se repetem, como a irritação de todas as manhãs muito comum nas pessoas. Se você perceber coisas do tipo, saberá prevenir ou lidar com os curtos-circuitos.

Tente se colocar no lugar do outro ou, como bem se diz em inglês, put yourself in someone else’s shoes. Muito da agressividade alheia começa a fazer sentido quando tentamos entender as circunstâncias a que cada um está submetido, um esforço nobre e autodidata de autêntico altruísmo.

O sol é para todos, filme de Robert Mulligan

Acontece também de muitas pessoas se protegerem atrás de cercas eletrificadas que elas mesmas erigem e que são outra causa de curtos-circuitos no sistema quando nos aproximamos mais do que gostariam. Você vai tomar choques se for incapaz de perceber seus limites em cada relação e não recuar antes de encostar no cercadinho eletrificado do outro.

Por último, não espere receber de volta a mesma condescendência, acolhimento ou altruísmo que dedicar às pessoas. Assim como as vaias da arquibancada, que vêm por mais que jogue limpo e bonito, pode acontecer de você dar graça e receber grosseria.

Tente agir por você mesmo, sem esperar nada em troca. Quando acontecer, celebre e agradeça. E se for o aposto, absorva, reflita e siga em frente. A dinâmica é esta mesmo: você trata as pessoas com respeito e elas, em retorno, fazem o mesmo.

Até que falha.

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A chegada de um filho https://oquevocefalou.com.br/a-sua-chegada/ https://oquevocefalou.com.br/a-sua-chegada/#respond Sun, 19 Mar 2017 20:34:51 +0000 https://oquevocefalou.wordpress.com/?p=882 O cinema é uma das manifestações e experiências culturais mais incríveis que já inventamos, Artur. Na tela branca diretores projetam medo, amor, repulsão, esperança, ódio e toda uma mescla de sentimentos que precisam extravasar, preenchendo a sala escura com sons, enquadramentos e diálogos inspirados no dia a dia de cada um, mas que só na ...

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O cinema é uma das manifestações e experiências culturais mais incríveis que já inventamos, Artur. Na tela branca diretores projetam medo, amor, repulsão, esperança, ódio e toda uma mescla de sentimentos que precisam extravasar, preenchendo a sala escura com sons, enquadramentos e diálogos inspirados no dia a dia de cada um, mas que só na sessão de cinema ganham a solenidade capaz de prender a nossa atenção.

A indústria do cinema é irrequieta e muito produtiva. Há filmes para todos os gostos e idades, e há aqueles imunes ao sopro do tempo porque são universais e imperecíveis, baseados em roteiros que condensam em cerca de duas horas reflexões que tomariam horas de mesa de bar.

Um exemplo recente é a A Chegada (2016). É certo que jamais será um 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968).

Muito menos será um O Poderoso Chefão (1972).

Ou um Bonequinha de Luxo (1961).

Mas A chegada é um filme que jamais esquecerei, e que estarei de prontidão para vê-lo com você quando chegar a hora. Porque este é um filme sobre alienígenas. Sobre ciência. Sobre amor. Sobre altruísmo.

Mas o que é altruísmo?

Na letra fria do dicionário Houaiss, altruísmo é:

Substantivo masculino

1 FIL segundo o pensamento de Comte (1798-1857), tendência ou inclinação de natureza instintiva que incita o ser humano à preocupação com o outro e que, não obstante sua atuação espontânea, deve ser aprimorada pela educação positivista, evitando-se assim a ação antagônica dos instintos naturais do egoísmo.

1.1 amor desinteressado ao próximo; filantropia, abnegação.

O trecho mais importante aqui é: “evitando-se assim a ação antagônica dos instintos naturais do egoísmo.” Altruísmo tem disso, Artur, o poder de conter a nossa inclinação inconsciente de borrar o outro da nossa visão e atos.

Onde tem altruísmo? Onde encontrar?

O altruísmo está dentro de cada um, mas se dilui no sangue com a idade, desaparecendo por completo em algumas pessoas, que ganham uma imunidade para toda a vida.

É de cada um querer ou não esta característica. Muitas pessoas de fato se sentem mais seguras e aliviadas de caminhar por uma rua ou sentar em uma sala de cinema conscientes de que não estão sujeitas aos efeitos do altruísmo.

Para elas, a vida, que já é carregada demais, seria insuportável com o compromisso adicional (porque altruísmo é isso, um compromisso) de expressar diariamente “amor desinteressado ao próximo”.

Altruísmo, nos dias de hoje, é como aquele último exercício da série na academia que as pessoas, já exaustas, nunca chegam a praticar porque não veem prejuízo em aboli-lo.

Mas, atenção. Você jamais completará a série de cidadania e convívio social se não for até o final de toda a sequência, incluindo o altruísmo, talvez o movimento que menos pareça definir o seu biotipo social, mas que é indispensável para o desenho de sua compleição como indivíduo.

A chegada de um filho, e o amor que cresce

– Tá, mas o que isso tem a ver com o filme? – você me perguntará, Artur. Tem muito a ver porque é o altruísmo que move a protagonista, que a faz praticar com todas as suas fibras o “amor desinteressado ao próximo”, o mesmo tipo de amor que tento, segundo minhas forças e limitações de caráter, praticar com você e com estranhos.

O mesmo tipo de amor que leva a protagonista a tomar uma das decisões mais duras, envolvendo maternidade, vida e morte. E o que é pior: sabendo de antemão, como quem vê o futuro, de que maneira cada uma delas mudará sua vida.

Mas teremos de ver juntos, numa sessão só nossa, como tudo acontece em A Chegada. E, só então, refletiremos sobre o roteiro, quando também te direi porque eu faria tudo igualzinho, como a protagonista fez, sabendo que seria com você, Artur, que eu estaria conversando sobre estes assuntos.

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