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Sorte entre pais e filhos, o improvável e cocôs de pássaro

A sorte entre pais e filhos existe? Melhor: o que é a sorte? Ela pode ser uma linda paisagem no horizonte de quem viaja pela estrada. Ou seja, está ali, quase invisível de tão distante ou rápido que passa. Por isso, é mais uma idealização do que uma coisa concreta.

A sorte é passageira. E aparece sob condições muito favoráveis, que, às vezes, não conseguimos perceber. Porque vamos acelerados com os olhos fixados à frente, menos atentos ao que passa ao lado.

E esse é um tema interessante para falar com os filhos. Afinal, a paternidade é uma sucessão de bons papos. ☺️

A sorte entre pais e filhos no contexto do improvável

A sorte intriga cientistas, escritores e apostadores. Além, é claro, de toda e qualquer pessoa que espera um grande momento transformador na vida. Mas é melhor não contar com ele porque quem para no caminho para esperar, deixa de ver novos horizontes.

Tem mais. Os momentos transformadores, quando surgem, podem ser para o bem ou para o mal. Sim, sorte não é só coisa boa, é o inesperado que podemos gostar ou não. É o cocô de passarinho. 👇👇👇 Ou uma loteria daquelas que só ganha quem não morre de avião.

O especialista em comportamento humano Richard Wiseman, líder de um laboratório de psicologia experimental, trabalha com a teoria de que as pessoas comumente consideradas sortudas são em realidade as que estão mais abertas ao improvável.

Na mesma analogia que estamos usando aqui, são pessoas que viajam olhando para paisagens em volta.

“And so it is with luck – unlucky people miss chance opportunities because they are too focused on looking for something else. They go to parties intent on finding their perfect partner and so miss opportunities to make good friends. They look through newspapers determined to find certain types of job advertisements and as a result miss other types of jobs. Lucky people are more relaxed and open, and therefore see what is there rather than just what they are looking for.”

Trecho de uma fala de Wiseman

A sorte existe ou é probabilidade?

Eu posso considerar sorte que meus filhos tenham nascido com a saúde.

Do ponto de vista do surgimento da vida e da evolução humana, é enorme, mas enorme mesmo, a probabilidade de que alguma coisa dê errado entre a fecundação e o nascimento. E aqui estão meus pequenos, saudáveis como esperamos que as crianças sejam.

Nesse contexto, a probabilidade tem seu peso. Trevos de quatro folhas são por consenso o símbolo universal de sorte. Bacana.

O motivo é que eles, ao contrário dos demais tipos de trevos, são de uma espécie menos comum. Daí a todos acharem que é sorte encontrá-los no bosque.

Já a ciência, que também procura trevos de quatro folhas nos bosques e tem uma percepção mais apurada das coisas naturais, detesta falar em sorte.

Para ela, encontramos trevos de quatro folhas no bosque por causa da probabilidade, nada mais.

Tão somente probabilidade.

A sorte nos detalhes, e não só nas coisas grandes

Outro ponto ainda: a sorte está nos mínimos detalhes.

Quando um pai tem uma reunião à tarde que acaba mais cedo e vai para casa ainda sob um céu alaranjado de fim tarde, isso, sem dúvida, é sorte.

Quem dá de cara, ao virar a esquina, com uma sorveteria de sabores deliciosos, também tem sorte. No entanto, algumas pessoas pensam diferente e chamam de sorte só o que é grande, como um transatlântico atracando no porto.

Por isso, talvez não se impressionem na mesma medida das suas expectativas.

Mas o ideal é não se preocupar com isso. Porque pais e filhos vão ter muitos momentos de sorte. Ou inesperados. Improváveis. Ou de maiores e menores probabilidades.

Para isso, precisam manter a visão ampla para perceber sua beleza ou feiura, não importa.

Como acontece numa viagem pela estrada, o mais importante é saber admirar as paisagens das planícies, vales e montanhas no caminho. Os pequenos prazeres da vida.

E boa sorte. 😉

lelecoms

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