Hoje, Dia dos Pais, eu só tenho a agradecer. Não por ser teu pai ou por você ser meu filho, mas por te conhecer, Artur.
Dispenso o título de pai. Ele vale menos do que as três letras da palavra. A emoção que faz chorar, de inchar as pálpebras, está em conhecer um indivíduo que surpreende. Você.
Pai que cai na armadilha de se levar a sério perde a real experiência porque, em vez de se surpreender, tenta ser ele a surpresa para os filhos.
Adora se sentir o cara legal quando abre a porta à noite depois do trabalho ou o pretenso herói à paisana que finge que tudo pode. Balela. Na prática, entende pouco da essência das coisas.
Deveria ser diferente. Precisa ser, ou definharemos pouco a pouco como espécie. Porque os filhos são melhores até os estragarmos; vocês apontam o caminho para a evolução.
“Nessa época ouvi dizer que o primeiro sintoma da velhice é quando a gente começa a se parecer com o próprio pai.”
Memória de minhas putas tristes, de Gabriel García Márquez
Agradeço, Artur, por te conhecer porque você dá mais do que recebe. Em leveza, em alegria, em sinceridade. Seja o que for, nós adultos ficamos bem longe de chegar perto de vocês. Isso, todo mundo sabe.
No Dia dos Pais, faço o esforço de não vestir a carapuça. Quero continuar assim, a te ver com respeito, um tipo sincero de deferência que muitos adultos – e pais, infelizmente – acham que não serve para crianças.
Daí a minha escolha de seguir te conhecendo como indivíduo. Para, quem sabe, conhecer o melhor de mim.
https://www.youtube.com/watch?v=OxqCxcveyXk