Você, Artur, é pura vida que vi nascer e que sua mãe e eu levamos para casa embalada na manta. Faz quatro anos, uma mão quase cheia de tempo.
O ciclo se renova. Foi a sua vez de ver a vida surgir depois de nove meses. Tão delicada como era a sua de recém-nascido.
Seu primo de primeiro grau, o primogênito deles, está aqui conosco embaladinho também em mantas.
Uma nova vida que te encanta – e a todos. A sua admiração é transparente. Um amor à primeira vista que você não dissimula. Tampouco modera. Sentimentos assim desconcertam mesmo, fazem a gente agir sem controle.
Você está por perto quando ele dorme. Você se debruça de curiosidade se ele acorda. Distrações já não têm a mesma graça como o priminho. Falta-lhes covinhas, calor de pele e um porvir pleno de possibilidades. Nada se compara.
Seu encantamento por ele me faz entender, sem palavras, só de observar, o condão das novas gerações. É emocionante assistir à sua vigília quando o visitamos, sua delicadeza de movimentos ao tocá-lo. E pensar no quanto vocês vão brincar e se divertir juntos.
Você e ele refrescam o ambiente, animam as tardes de domingo. Uma dose dupla de otimismo que sorvemos de um só gole. Admiramos boquiabertos o pulsar cintilante da vida, como ela se transforma e evolui em vocês.
A nossa expectativa de adultos é que sejam bons amigos. Unidos por laços fraternos, mais firmes do que os laços de família apenas.
A minha expectativa de pai é que este seu apego por ele solidifique sentimentos no seu coração. Os mesmos que você precisará, quando crescer, para aliviar chatices e desânimos.
Tento aqui dar testemunho do seu carinho sincero e puro pelo seu primo. Uma prova inconteste de que, no fundo, a humanidade se quer, embora se esqueça no caminho.
Tenha este texto como um amuleto contra a negatividade que venha a encontrar pela frente. Releia-o regularmente. Para você sempre lembrar que é possível, sim, acolher outro ser sem nada em troca. Isso você faz hoje com o seu primo. Que continue assim.