A química não é má. Para o professor Walter White, personagem da série Breaking Bad, ela é a ciência da mudança, da transformação. Mas a química pode fazer mal, como acontece com os químicos tóxicos para crianças. Porque muitos estão presentes em diferentes objetos da casa e até nos alimentos.
Vamos ver aqui quais são os mais nocivos e o que podem causar para a saúde dos pequenos. E entender até que ponto estão presentes no nosso dia a dia sem percebermos. Afinal, compostos químicos perigosos à saúde estão nas frigideiras que usamos e em comidas fast-food por causa de embalagens.
Por isso, é fundamental para ser bom pai hoje saber mais sobre o tema e evitar riscos desnecessários, além de prevenir intoxicação da molecada.
Um estudo recente publicado na Nature Food revelou que bebês ingerem todos os dias entre 500 mil e mais de um milhão de partículas de plástico de mamadeiras de polipropileno. Nessa pesquisa, eles usaram água a 70°C para esterilizar os recipientes de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Deu no que deu. Os resultados são preocupantes, mas previsíveis. Os plásticos fazem parte das nossas vidas, apesar de pouca informação sobre os efeitos na saúde. Mas não são os únicos potenciais vilões dessa história.
O teflon, nome comercial do politetrafluoretileno (PTFE), é outro exemplo. Apesar de ser sinônimo de praticidade na cozinha há décadas, esse polímero sintético pode estar no sangue de todas as pessoas, segundo outra pesquisa científica.
Ou seja, estamos rodeados de plásticos e teflon, para citar só dois exemplos. Portanto, é fácil entender a razão pela qual precisamos conhecer os principais químicos tóxicos para crianças.
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Os PFAs, sigla para perfluoroalquil e polifluoroalquil, estão em produtos desde 1940 e formam um grupo de mais de 4.700 substâncias. Esses compostos foram criados pelo homem juntando carbono e flúor, uma das uniões mais fortes da química orgânica.
Nesse grupo, o PFOS (ácido perfluorooctano sulfônico) e o PFOA ( ácido perfluoroctanóico) estão muito presentes no nosso dia a dia. Por isso, devemos considerá-los também químicos tóxicos para crianças.
Por causa de suas propriedades, eles fazem objetos como panelas serem mais resistentes ao calor, óleos, gordura, água, manchas e humidade. O ovo mexido pode até não grudar, mas tudo tem seu preço.
Para a indústria, os PFOs e PFOA têm um apelo comercial adicional porque são duráveis a:
Eles se degradam apenas sob incineração a altas temperaturas e a sua “meia-vida” é muito longa. Por isso, são chamados de “eternos”.
Os produtos químicos estão presentes em diferentes locais e situações:
Uma das melhores maneiras de evitar a contaminação é parar de usar produtos com PFAS ou evitar a exposição a eles. No entanto, é preciso disciplina porque grande parte do nosso contato com eles tem relação com hábitos diários.
Uma das iniciativas mais fáceis é resistir ao consumo de fast-food para viagem e pipocas de micro-ondas. Nesses dois casos, as embalagens costumam ter camada interna plastificada antiaderente que repele a gordura. E aí está o problema:
“Produtos químicos antiaderentes são comuns em embalagens de fast-food, diz estudo”
Além disso, é preciso evitar itens doméstico com teflon, como as frigideiras. Hoje, existem pesquisas que mostram que as taxas de PTEF e PFAS estão diminuindo. No entanto, outros compostos criados pela indústria nos últimos anos começam a ser mais usados.
Ah, e não se esqueça que as sanduicheiras e máquinas de waffle ou cupcakes, por exemplo, também usam o teflon.
Os plásticos dispensam apresentações porque são parte da nossa vida. Um estudo recente da Science Advances mostra alguns dados impressionantes sobre esse material.
Entre 2010 e 2016, por exemplo, a produção mundial de plásticos cresceu 26%. Nesse período, a quantidade global de resíduos sólidos do produto também aumentou de 10% para 12%, ou seja, estamos consumindo mais e despejando mais na natureza.
Os dados também mostram que a China é o maior produtor mundial, enquanto os Estados Unidos geram a maior quantidade de lixo plástico. E é tanta variedade de compostos e aplicações, que precisamos começar primeiro pelos tipos de plásticos.
Cada tipo tem aplicações determinadas e uma identificação que você encontra na embalagem ou detalhes do produto (veja imagem abaixo):
A produção crescente de plásticos no mundo, assim como o aumento de resíduos, gera um problema grave: a presença de microplásticos na natureza. Esses pedaços muito pequenos (às vezes partículas) surgem do desgaste de resíduos despejados na natureza sem o devido cuidado.
Por isso, muitos estudos já demonstraram que peixes e outras espécies marinhas se “alimentam” hoje de microplásticos (assista ao vídeo abaixo). Por causa disso, nós também começamos a ingerir essas substâncias, por exemplo, quando comemos espécies afetadas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou recentemente um relatório (leia no site da Organização das Nações Unidas – ONU) em que demonstra a presença de microplásticos até na água potável. E mesmo sem fazer alarde a entidade destacou três potenciais riscos para a saúde humana:
Infelizmente, cada vez mais cientistas confirmam a presença de microplásticos em oceanos, organismos, solos etc. Os cuidados são em certa medida menos fáceis do que gostaríamos.
No entanto, uma primeira medida fundamental é reduzir o consumo de plásticos sempre que possível. Por isso, tente reaproveitar embalagens e prefira produtos e marcas que privilegiam o vidro, por exemplo.
Além disso, é fundamental saber como estão tratando a água na cidade e de que maneira a prefeitura faz a gestão de resíduos.
Uma recente pesquisa da World Wide Fund for Nature (WWF) revela que todos podemos estar ingerindo quantidades elevadas de microplásticos. Durante uma semana, por exemplo, segundo a entidade, volume seria equivalente a um cartão de crédito por semana.
No mês, a quantidade que estaríamos ingerindo é mesma à de um tijolo de Lego. Ou seja, um tijolinho de por mês em nossos estômagos.
E se pensamos além, num contexto anual, a quantidade de microplásticos ingeridos pelos seres humanos hoje seria equivalente a um capacete de bombeiro.
Ou seja, algo bem intragável.
O bisfenol A (BPA) é conhecido de país e mães porque o usam na produção de policarbonato, material plástico das mamadeiras.
Apesar de as marcas já terem banido a substância de seus produtos, ela ainda está presente em potes (como os que muitas pessoas colocam no micro-ondas), pratos, talheres e outros objetos.
Até as notinhas das maquininhas de pagar contas, feitas de papel térmico, têm o BPA na composição.
E como os PFAS, o BPA é um químico tóxico para crianças considerado um disruptor endócrino (DE). Ou seja, o associam a casos de desequilíbrio do sistema endócrino e, por isso, o ideal é evitar produtos em que ele está presente:
Um recente informe da Unicef revela que cerca de uma em cada três crianças no mundo tem alto nível de chumbo no sangue. No total, são 800 milhões de pequenos afetados por esse metal pesado que também pode ser um dos químicos tóxicos para crianças.
A toxicidade desse elemento químico é tão elevada que a OMS diz que não há um nível seguro de presença no sangue.
Isso porque o chumbo causa danos permanentes ao sistema nervoso em desenvolvimento. Ou seja, as crianças ficam com problemas neurológicos para o resto da vida. Ele também tem a característica de acumular nos tecidos, prejudicando outros órgãos, como pulmões e rins.
O elemento químico pode estar presente em produtos cosméticos, como esmaltes, batons ou tintas para o cabelo, além de tintas para parede e outras superfícies.
Por isso, leia com atenção as informações sobre cada produto para se certificar de que a formulação não utiliza chumbo.
Um novo relatório do Congresso dos Estados Unidos, por exemplo, mostrou que alimentos infantis muito consumidos no país têm metais pesados tóxicos em sua composição.
O estudo revela que foram encontrados níveis de arsênico, chumbo, cádmio e mercúrio em cereais de arroz, sucos, purê de batata-doce e salgadinhos doces em itens das marcas Gerber, Beech-Nut, HappyBABY e Earth’s Best Organic.
Lembrando que o arsênico é um composto do arsênio, um dos cinco elementos químicos mais letais. Ele também é considerado a principal substância de origem natural com risco significativo para a saúde, segundo o Departamento de Saúde e Serviços Humanos, da Agência para o Registro de Substâncias Tóxicas e Doenças dos Estados Unidos.
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