Não só pode como deve, Artur. Tanto que este blog nasceu das perguntas que você me faz. A curiosidade é um agente de expansão do conhecimento, e a pergunta, a fagulha da queima de ideias que põe a humanidade em movimento.
Há perguntas fundamentais:
— O que é a vida?
— Como surgiu o universo?
— Existe uma seta do tempo?
Há perguntas muito pessoais:
— Como posso já ter saudade de viagens que eu e você, Artur, ainda não fizemos?
— Meu avô se despediu de mim sob o batente da porta principal de casa minutos depois de morrer dormindo na madrugada ou aquela imagem espectral que vi e não esqueço foi um sonho-de-criança-impressionável-pós-perda-de-avô-amado?
— Estamos mesmo condenados a um futuro distópico como o de Blade Runner?
Há perguntas que devem ser feitas:
— Como minimizar a injustiça?
— De quem é a responsabilidade (do que for, no bem e no mal)?
— Há necessidade de tanto desperdício?
Há perguntas tão inocentes quanto reveladoras:
— Como seria viajar no espaço sentado num raio de luz?
Albert Einstein
— Who am I to judge?
Papa Francisco
Há perguntas sem resposta — tão fundamentais quanto as demais porque delas brotam outras perguntas, que remetem a outras perguntas etc.:
Há perguntas que, embora universais, só você dirá com a entonação dos seus sentimentos:
— Quer sair comigo?
— Quem disse que eu não consigo?
— Isto me faz bem?
Como pode perceber, Artur, há perguntas para tudo. E assim como indivíduos em sociedade, nenhuma é melhor ou pior do que a outra, apenas diferente. É certo que tentarão te convencer do contrário, pode até que tentem te constranger ou impedir de questionar, o que também faz parte do jogo.
Cabe a você perguntar apenas. Se virar galhofa, haverá quem veja o oposto. Perguntar liberta. Perguntar ilumina. Perguntar, às vezes, é o mínimo que esperam de você. E se preferir contrariar sua intuição, calando-se, tenha em mente que, mais à frente no tempo, você poderá se ver em dívida com o arrependimento.
Veja o que o Nobel de Medicina Yoshinori Ohsumi disse quando lhe perguntaram sobre as novas gerações de pesquisadores:
— My message for young people: You had better keep your naive questions. That’s my message for young scientists.
Inspire-se nessas palavras, Artur. Pergunte para pisar na borda do conhecimento, do mais íntimo ao menos pretensioso. No que diz respeito a mim e à sua mãe, pergunte-nos o que quiser, quando quiser e para o que quiser.
— Combinado?
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