O tempo não poderia ser mais relativo, senhor Einstein. É um no papel; é outro na memória; é outro mais nos sentimentos. Anda apurado sem olhar para trás quando lhe pedimos que vá devagar ou prende o passo se temos pressa em chegar.
O tempo vai ao seu tempo. Como bem fez durante os quatro anos que você acaba de completar, Artur, uma soma emocionante de 1.461 dias ou 35.064 horas ou 2.103.840 minutos juntos, eu, você, sua mãe e a família que se acostumou a te amar.
Os números são enormes, mas prescindíveis para um retrato-falado que dê conta do nosso tempo, das experiências compartilhadas que a sua pouca idade encerra.
“O tempo é a substância de que sou feito. O tempo é um rio que me arrebata, mas eu sou o rio; é um tigre que me despedaça, mas eu sou o tigre; é um fogo que me consome, mas eu sou o fogo. O mundo, infelizmente, é real; eu, infelizmente, sou Borges.”
Jorge Luis Borges, em Nova refutação do tempo, de Outras Inquisições
Quatro anos são o tempo de uma graduação, mas nenhuma escola superior oferece aprendizado de mesma qualidade. Eu e a sua mãe te seguramos bebê, quando reparamos já era tempo do engatinhar, e daí você andou, gesticulou e interagiu. Cada limite sendo superado, o desconhecido deixando de sê-lo. Tudo no seu tempo, mais e menos acelerado.
Parabéns, Artur.
Os meus sentimentos não entendem isso de quatro anos apenas, eles preencheriam uma vida que poderia durar o infinito sem perder o riso. O que são meros 1.461 dias ou 35.064 horas ou 2.103.840 minutos em meio a uma vastidão assim?
Aqui dentro do meu peito, e nas recordações que tento preservar como faz um lepidopterologista no trato de suas borboletas, os seus quatro anos são cheios de significado e fariam muitos, como eu, dizerem satisfeitos:
— Valeu a pena.
Vale mesmo, Artur, ainda quando a rotina pesa e a paciência se esgota em mim e em você. Disso se trata também, da nossa faina diária de tentarmos nos entender e de mantermos sincronizados os nossos relógios mais íntimos, cujos ponteiros às vezes deixam de girar juntos e que, por isso, ajustamos para encurtar diferenças dos nossos tempos.
Assim será daqui para frente, nos próximos quatro anos e além para mais tempo juntos, com a relatividade que vier.
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