Você deveria se fazer esta pergunta ao menos uma vez na vida se deseja ser um bom pai: será que sou um pai de helicóptero?
Mas o que isso quer dizer? E qual a sua importância para o significado de ser pai?
O termo é muito conhecido lá fora e pouco a pouco ganha mais espaço no Brasil. Por isso, é importante entendê-lo para ficarmos de olhos bem abertos 👀 nas nossas atitudes com os pequenos.
O que é um pai de helicóptero? 🚁🧒🚁
Pai de helicóptero é aquele que presta atenção exagerada aos movimentos e dificuldades dos filhos com uma atitude superprotetora. O termo foi usado pela primeira vez pelo médico Haim Ginott, em 1969, no livro Between Parents & Teenagers.
Tende a ser superprotetor, atencioso ao extremo e acha sinceramente que seus filhos estão sempre certos.
Ou seja, esse tipo de pai fica sobrevoando suas crianças em todas as situações e experiências. E quando percebe algum “risco”, pousa imediatemente para prestar socorro incondicional.
Suas expectativas paternas são planejadas, e se encaixam umas nas outras sem pontas soltas ou partes desalinhadas. Sem improvisar ou deixar a relação com os filhos seguir um curso natural, limitam as possibilidades.
Diferentes estudos acadêmicos mostram que esse comportamento tem sérias consequências para os pequenos – inclusive quando eles se tornam adultos.
O que faz o pai de helicóptero: 10 exemplos
Estes pais – ou mães – agem mais como carpinteiros do que jardineiros. Em vez de cultivar, acabam moldando muitas vezes filhos inseguros e com a sensação de serem frágeis.
Pais assim têm algumas características em comum:
- Muitas boas intenções (apesar das más consequências que não conseguem enxergar).
- A determinação fora do comum de desenhar o futuro dos filhos.
- O costume de não deixar passar nada na infância e adolescência.
- O zelo parental (em geral excessivo).
- A visão de cima para baixo em relação aos filhos.
- A determinação de resolver problemas por conta própria (como um dever de casa).
- A dificuldade de ver o lado dos pequenos.
- A limitação em perceber os próprios erros.
- A convicção de que a superproteção é justificável.
- A hesitação em entender e aceitar os desejos pessoais dos filhos.
Agora reflita por um momento…
Hábitos como esses parecem justificáveis à primeira vista: a intenção é estar presente e dar uma direção ao crescimento dos pequenos. Afinal, quem melhor do que os pais para guiar o desenvolvimento ao longo da infância até a vida adulta?
Mas é aí que mora o perigo. Cada vez mais, pesquisas e especialistas mostram que sobrevoar a vida alheia é uma atividade muito arriscada.
Tanto para nós pais quanto para os filhos.
Uma paternidade com turbulência
Os voos deste tipo de criação moldada são arriscados, argumenta quem observa a questão de perto. No longo prazo, há chances muito grandes de que alguém se machuque.
Tanto no céu como na terra.
Em resumo, ajudar os filhos a viverem experiências compartilhando referências é muito diferente de simplesmente esculpir as etapas e acontecimentos.
Se eu for o pai que tudo sabe e em tudo interfere, Artur e Bento, muito em breve entraremos em conflito. Porque chega a hora de toda criança se transformar em adulto, quando então cai a ficha das falhas de uma paternidade muito presente.
Pode acontecer também de a sua autoconfiança nunca se desenvolver, bem como outras habilidades indispensáveis para as relações. E isso não queremos, tanto eu quanto a sua mãe.
Pelo contrário: o nosso desejo é que vocês – e deveria acontecer com toda criança – sejam capazes de aprender no seu ritmo enquanto vivem suas experiências. Estaremos por perto dispostos a compartilhar o que sabemos, mas sem achar que por isso vocês devem se apoiar somente em nós.
Mais pai jardineiro, menos superprotetor
Eu fiz um quiz sobre pai de helicóptero para averiguar se sou a mosca chata sobrevoando vocês, meninos. Deu que não, o que me deixa aliviado. Mas isso tampouco me tranquiliza.
Um dos pontos deste tipo de educação onipresente é que, em muitos casos, o helicóptero deixa de chamar a atenção porque todo mundo em casa 🏠 se acostuma.
Porque na correria do dia a dia tanto os pais quanto os filhos podem achar que a sua relação só tem um jeito de acontecer.
Mas o ideal é que ela se desenvolva por outros caminhos. E os principais interessados em que isso aconteça somos eu e a sua mãe. Por isso, devo me fazer sempre algumas perguntas para tentar manter os pés no chão:
- Deixo vocês saberem o quanto são capazes?
- Interfiro demais nos seus momentos de descoberta?
- Sou mais jardineiro do que carpinteiro?
A minha intenção é ser um pai jardineiro, que faz da paternidade um livro aberto em vez de ficar moldando a infância de vocês.
Esse talvez seja o voo mais seguro da minha viagem pela paternidade. 😉