A paciência tem limite, Artur e Bento. Ela aguenta muita coisa, mas tem hora que estoura. Ao ponto de perder a cabeça com coisas bobas. Afinal, ela é humana.
E quando fica chateada, sobra para todo mundo. Para ela, para vocês e para quem der o azar de estar por perto. A paciência, em dias de mau humor, é um bicho bem arredio. E indomável como fera selvagem encurralada no mato.
É assim comigo. Vocês me conhecem, meninos. A minha paciência faz ceninhas às vezes que eu tento evitar. Mas a verdade é que não dou a atenção que ela merece. Justamente por isso, entendo que a minha paciência se perca às vezes.
A palavra paciência deriva do latim patiens, ou seja: o que padece. Implica sofrimento: o da espera e o da esperança… ou do desespero. Vivemos em um mundo frenético. Precisamos saber, conhecer os resultados, e sofremos enquanto esperamos. Evitar essa dor é o que nos torna impacientes.
A paciência tem limite (e estopim)
As pessoas mais pacientes desenvolvem alguma filosofia que eu desconheço. Talvez tenham uma ralação mais madura ou simplesmente conversem com a sua paciência.
De fato, a paciência pede muito pouco para ser uma grande amiga. Ela só quer ser ouvida quando dá conselhos. E eles são bons, ideais para a gente fugir das trapalhadas e das besteiras.
Justamente o que eu não faço às vezes, meninos. Eu tento ficar de bem com o mundo, mas tenho um estopim curto. O que leva a minha paciência ao limite. Geralmente, ela fica bem chateada com a injustiça e a falta de altruísmo das pessoas.
Um exemplo: alguém que no trabalho faz menos do que pode para se acomodar. Ou quando percebo um pai ou uma mãe agindo como se a sua criança fosse mais especial do que as demais – o que é um duplo erro porque a filha ou filho se convencerá sim de que pode se achar mais.
Sempre que vejo coisas deste tipo, a minha paciência, mesmo irritada, levanta-se e me segura pelos ombros pedindo calma. Mas apesar de nos olharmos nos olhos, eu a ignoro. Um erro, meninos, que espero que vocês não comentam.
Como ter paciência então?
Eu não sei, meninos. Todo pai tem suas limitações, e esta é uma das minhas. Sou incapaz de dizer a vocês como equilibrar a ansiedade e a capacidade de esperar.
Se a paciência é a habilidade de aguardar uma “recompensa”, confesso que sou pouco habilidoso. Eu estouro às vezes porque preciso ter uma solução no momento, o que é equivocado muitas vezes. E vocês, por serem crianças, também têm todo o direito de se entregar à impaciência.
Alguns cientistas encontraram uma possível resposta na serotonina, hormônio que, em doses mais elevadas, fez ratinhos de laboratório demonstrarem mais paciência. Ao contrário da apatia ou resignação, ter paciência é uma eloquente demonstração de controle sobre si mesmo.
Ou seja, meninos, ter paciência é saber mais de si mesmo. E quem se conhece, lembra exatamente onde estão os calos, onde as alfinetadas do mundo machucam mais.
Aqueles que perdem a paciência no trânsito deveriam respirar bem fundo ao entrar no carro. Isso, se conversassem realmente de dentro para dentro. Mas como há tantos motoristas raivosos, então entendemos que isso não acontece.
5 dicas para manter a calma
Em uma pesquisa rápida na internet, encontrei cinco truques para sermos mais pacientes:
- Pratiquem a gratidão
- Entendam o que deixam vocês irritados
- Pratiquem a espera
- Abracem o que é desconfortável
- Respirem fundo
Faz muito sentido já que a paciência tem limite. Mas…
Eu quero ver colocar em prática. Digo, tudo na vida que exija disciplina, como estes cinco truques, soa mais encantador do que de fato é. Imaginem vocês se contendo para mergulhar em uma piscina ou no mar justo no dia mais quente do ano!!!
Não dá, né?!
Por isso, meninos, ter paciência é um exercício para toda a vida. Tentem fazer diferente de mim porque estou longe de ser um exemplo. Posso participar com vocês, no entanto, dessa descoberta de como não deixar que uma picada de formiga ou a demora de uma fila seja motivo para vocês perderem a cabeça. 🙂