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Medo infantil: o que não esquecer para apoiar

Você tem medo de aranha, barata, altura ou de outra coisa? Sim, verdade? Por que então os seus filhos não devem sentir a mesma coisa? O medo infantil é uma das emoções mais autênticas. Mas como saber o que é normal e o que não é?

Esse texto é justamente para vermos mais a fundo o que é o medo das crianças, suas possíveis causas e quando o medo infantil pode ser um alerta. Ou seja, é um post sobre empatia e a nossa capacidade de acolher melhor os filhos.

Até porque quanto mais informação melhor. Principalmente para os pequenos, que vão se sentir mais bem apoiados e compreendidos. 😉

O que não deixar de saber do medo infantil

Vamos tentar nesse post ter uma visão mais ampla (e sensível) sobre esse assunto tão importante para a paternidade:

O que é o medo infantil

O medo infantil é uma das emoções mais básicas das crianças porque faz parte da nossa essência sentir temor de determinadas situações e coisas. Mais do que isso, é um “recurso” humano de prevenção e de cuidado com o desconhecido, como objetos novos, ruídos e pessoas estranhas.

Sentir medo tem relação com a ansiedade, que contribui diretamente para a maneira como crianças e adultos reagem aos seus temores. Enquanto medo tem a ver com uma coisa ou situação específica, a ansiedade equivale a uma sensação de apreensão.

Por isso, reflita por um instantinho: o universo infantil é repleto de medos reais e imaginários. Nós passamos por isso quando éramos novos, e agora que somos pais é a vez de ver essa etapa da vida de outra perspectiva. 😉

Medos infantis mais comuns

  • Escuro e sombras;
  • cães ou outros animais grandes;
  • ficar sem companhia;
  • tomar injeções ou ir ao médico;
  • insetos;
  • altura;
  • ruídos estranhos ou altos (liquidificador, por exemplo);
  • monstros imaginários, como “aquilo” debaixo da cama.

Uma emoção hereditária

Uma pesquisa do Instituto Max Planck de Ciências Cognitivas e Cerebrais Humanas, em conjunto com a Universidade de Uppsala, por exemplo, mostra que medo de aranhas e cobras é hereditário.

Isso mesmo: os cientistas descobriram que mesmo bebês de até seis meses, com pouca ou nenhuma chance de ter visto estes animais, demonstraram sinais de medo pela dilatação de suas pupilas.

A dilatação da pupila de bebês (linha vermelha) é maior quando são mostradas imagens de aranhas e cobras. © MPI CBS

Ou seja, os nossos cérebros estão programados para nos proteger porque sentir medo é parte do processo evolutivo da espécie humana.

A história do medo infantil

Todos sentimos medo de alguma coisa porque é da nossa essência. Afinal, o medo é uma das emoções que nos acompanham há mais tempo, fundamental para a sobrevivência do Homo Sapiens.

Tente imaginar os nossos ancestrais sem medo nenhum, partindo para cima de qualquer animal feroz… Seria um desastre, e não estaríamos aqui.

Na prática, funciona assim: os nossos cérebros reagem às ameaças e emitem “alertas” ao nosso corpo para que possamos correr, nos defender ou estar mais alertas. Tem sido assim há séculos, motivo pelo qual até hoje as crianças demonstram medo infantil a determinadas situações ou coisas.

Circuito do medo no cérebro

E se é certo dizer que os nossos cérebros estão programados para sentir medo, isso acontece porque de fato temos um “circuito” interno para isso. Uma de suas partes mais consagradas (e entendidas) é a das amígdalas, dois pequenos caroços com um formato parecido ao de nozes.

Essas duas estruturas, encontradas em organismos mais complexos, têm a importante função de perceber o perigo e dar o sinal ao corpo de que é hora de sentir medo.

Mas as nossas defesas são mais complexas. Alguns pesquisadores do Laboratório de Psicobiologia da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, por exemplo, dissecaram bem esse cantinho do medo nas nossas cabeças.

Para eles, três estruturas muito antigas da evolução do cérebro desempenham papel fundamental para as nossas reações de defesa. Elas são o núcleo mediano da rafe, a parte dorsal da matéria cinzenta periaquedutal e os colículos inferiores.

Cada um exerce uma função:

  • O núcleo mediano da rafe associa lugares a temores recentes ou antigos, como um local em que fomos assaltados.
  • a parte dorsal da matéria cinzenta periaquedutal está relacionada à nossa reação instintiva de “congelar” de medo.
  • por sua vez, os colículos inferiores diferenciam sons que consideramos normais dos que nos causam temor.

Medo excessivo na infância

Quando pais e mães começam a entender melhor o medo infantil, percebem que é um assunto sobre afeto. Isso porque depende de nós apoiar os pequenos também nessa descoberta do crescimento.

Ou seja, ajudá-los a entender essa emoção tão básica dos humanos.

Ser pai hoje, nesse caso, é ter a empatia de se colocar no lugar dos filhos. Se eles demonstram medo do escuro, então é ajoelhar, olhar nos olhos, abraçar e tentar acalmar. Portanto, é uma questão de acolher. 👏👏👏

Mas quando um medo (ou medos) se torna persistente e extremo, além de dirigido, pode acontecer de a criança ter um medo excessivo (ou fobia).

Nesses casos, o temor pode se desdobrar em outras consequências, como a vontade de não sair de casa por causa de um medo excessivo de cachorro, por exemplo.

Medo infantil “normal” e fobia

A diferença entre um medo “normal” e uma fobia é o grau de ansiedade e se ela é alta por muito tempo. De qualquer forma, apenas médicos especializados podem dar um diagnóstico correto.

Algumas fobias comuns em crianças, segundo o Boston Children’s Hospital, são a:

  • animais;
  • sangue;
  • escuro;
  • locais fechados;
  • viagens em avião;
  • ficar doente;
  • ter parentes doentes ou machucados;
  • altura;
  • insetos, aranhas e cobras;
  • agulhas (tomar injeção);
  • trovão e relâmpago.

Diálogo, apoio e carinho

O afeto e o acolhimento são fundamentais para o cuidado dos pequenos quando sentem medo infantil. Afinal, é quando precisam de fato de apoio para compreender melhor o que estão sentindo.

Daí que o diálogo vira uma ferramenta ideal. Como dito antes, é ajoelhar, olhar nos olhos e escutar porque estão sentindo temor.

E dessa escuta precisamos tentar contribuir para que consigam compreender o que é o medo de fato. Afinal, ser um bom pai é justamente ter conversas difíceis com os pequenos.

Não é dos desafios mais fáceis da paternidade que acolhe, até porque nossos filhos podem precisar de tempo para superar seus medos.

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Assim como em quase tudo na paternidade, tentar entender é fundamental para contribuir ao desenvolvimento dos pequenos.

Por isso, o caminho das pedras aqui não precisa ser tortuoso. Pelo contrário…

Compreender o medo dos filhos

Parece óbvio, mas quantas vezes nos precipitamos no cuidado dos filhos? Sim, ouvir o que eles têm a dizer e tentar entender é o ponto de partida para lidar com o medo infantil.

E isso tem a ver com dar atenção, escutar e então apoiar. Assim como nós adultos, que às vezes só queremos desabafar, as crianças têm a necessidade também de apenas abrir coração.

Mas lógico que um(a) especialista deve ser procurado(a) sempre que alguma ponta ficar solta. Afinal, pode ser algo mais complexo como uma fobia.

Acalmar para dar acolhimento

Um abraço faz milagre, assim como um simples carinho. Quando alguém tem medo (e não só as crianças), um dos melhores antídotos é o acolhimento.

Isso porque assim fica mais fácil se acalmar e desviar a atenção para outras emoções mais positivas.

Ou seja, as críticas, deboches, reprimendas, descaso ou até omissão devem ficar de fora.

Cuidado com o que você fala

Tente lembrar quantas vezes você falou para os filhos coisas como essas:

— Não toque nisso! Você pode se machucar.

— Se você comer isso, vai ter dor de barriga!

— Não saia agora porque um raio pode cair.

São frases de certa maneira do dia dia, sem complexidade ou mistério. Mas são também um exemplo de como as palavras podem contribuir para o medo infantil. Ou mesmo a nossa atitude superprotetora, como fazem os pais de helicóptero.

Com a crise da pandemia isso tem ainda mais significado. Apesar das nossas boas intenções paternas e maternas, podemos de alguma maneira contribuir para os filhos ficarem com medo de vírus e bactérias, por exemplo.

O medo infantil até os 2 anos

Nessa idade, os medos da infância mais comuns são a:

  • Ruídos e barulhos;
  • desconhecidos;
  • não ter os pais por perto;
  • animais (cachorros, gatos, pássaros, insetos etc.);
  • situações fora de rotina.

Medo infantil até os 3 anos

Depois dos dois anos, os temores mais comuns podem mudar:

  • Luzes fortes;
  • sons que inspirem medo;
  • conceitos de bruxas, magia, monstros etc.;
  • notícias ou histórias em livros;
  • escuro ou ambientes com pouca iluminação.

Quando procurar ajuda?

Nós pais somos especialistas nos nossos pequenos porque os conhecemos nos mínimos olhares, sentimentos e choros. 😄

Mas isso não quer dizer que temos todas as respostas. Por isso, é sempre necessário buscar ajuda especializada quando já não somos capazes de resolver sozinhos as questões.

Em uma entrevista ao GZH, por exemplo, o psicanalista Julio Cesar Walz, por exemplo, diz que “deixar uma criança chorando por muito tempo, sozinha, não é educação, mas desamparo”.

Para ele, devemos ser os mediadores entre os nossos filhos e seus medos, justamente porque os conhecemos bem. Ou seja, isso inclui procurar ajuda quando necessário. Até porque podemos ser pais muito dedicados, mas não somos senhores do universo.

E muito menos da vida dos nossos pequenos.

Livros sobre medo infantil

E porque não lidar com tudo isso com leveza? Nesse sentido, a leitura é uma formidável amiga tanto para nós país quanto para a molecada.

Alguns livros são ótimos para entendermos melhor o tema:

E boas leituras! 😉

lelecoms

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