Mas que criança que só quer atenção!!! Essa era uma frase negativa que muitos pais e mães diziam (dizem?) quando perdiam a paciência. Quem teve a infância nas décadas de 1970 e 1980 ouviu bastante isso.
Mas por que as crianças querem atenção? Será que são mimadas? Ou o mundo hoje é diferente e elas ficaram por último na fila, atrás dos celulares e tablets, do home office, do estresse da rotina, do desemprego etc.?
Crianças não são bobas. Nunca foram. Por isso, esse é um texto para pensarmos diferente: como nós pais podemos dar ainda mais atenção aos nossos filhos?
Vamos jogar limpo aqui: por mais que você se dedique de corpo e alma aos filhos, os dias são curtos. E quando noite chega, o corpo desaba e a alma só quer sumir.
Você não está sozinho(a). Somos muitos pais e mães na mesma. E não importa se estamos exaustos: nossos filhos querem brincar, contar suas fantasias e receber de nós a interação e o carinho de pais.
Para eles, pais e mães vivem do momento (e não de um dia inteiro). Por isso, esperam que sempre estejamos dispostos e a postos para a paternidade e maternidade. 😉
Criança quer atenção dos pais por diferentes razões:
Há muitas outras razões pelas quais nossos filhos precisam de atenção. Principalmente porque até nós adultos temos dificuldade em conseguir que nos escutem de verdade – imagine as crianças…
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A dedicação aos filhos é o mínimo que devemos garantir na maternidade e paternidade, apesar do cansaço e das distrações da rotina. Por isso, ver e escutar os pequenos precisa ser um compromisso pessoal de cada pai e mãe.
Até porque a ciência já observou efeitos positivos para a infância e a formação do caráter. Um estudo de pesquisadores do Departamento de Psiquiatria da Harvard Medical School, por exemplo, mostrou que a prática de “Ah, deixa ele(a) chorar” (em vez de dar atenção) não funciona.
Em vez disso, ela pode ajudar a criança a se tornar um(a) adulto(a) mais suscetível ao estresse. Isso porque a proximidade do pais, o consolo quando a criança pede atenção e o maior relacionamento fazem toda a diferença para o desenvolvimento na infância e adolescência.
“Nós enfatizamos tanto a independência que está havendo muito efeitos colaterais negativos.”
Patrice M. Miller, pesquisadora do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Harvard
Com a vida mais dentro casa e o afastamento da rotina escolar, muitas crianças estão demonstrando que para elas também não está sendo fácil.
E se observarmos um pouco mais os nossos filhos, talvez consigamos perceber alguns sinais de que eles estão pedindo mais atenção, mesmo que inconscientemente.
A maneira como os pequenos podem demonstrar que se sentem de lado são incontáveis. Por isso, o ideal é usarmos ainda mais a nossa sensibilidade e empatia para tentar perceber. Apesar, claro, do cansaço e da agitação da rotina familiar.
“Em vez de repreendê-los pelo que estão fazendo de errado, queremos perceber as crianças fazendo o certo. É uma mudança simples, mas que vai contra séculos de normas parentais e requer alguma prática antes de se tornar um hábito.”
Texto do Child Mind Institute
Bem, quem sou eu para dizer o que você deve ou não fazer. Aqui, o que deve prevalecer é o bom-senso, afinal quem é pai e mãe fica escolado nesse ponto.
Em todo caso, tentei encontrar algumas referências de boas práticas para você dar mais atenção aos pequenos.
Philip Fisher, diretor do Centro de Neurociência Translacional da Universidade de Oregon (EUA), que estuda como interromper a rotina de trabalho em casa pode beneficiar os filhos, cita algumas ações básicas:
Por sua vez, Kate Baltrotsky, mãe e escritora, compartilha algumas dicas no texto Quanto realmente precisamos para brincar com nossos filhos?, publicado no Huffpost:
Não existe lista que te diga como passar mais tempo com as crianças. Elas até podem ajudar como referência – e se a criatividade estiver em baixa -, mas só você pode de fato escolher como fazer isso.
Com a vida majoritariamente em casa, a boa relação entre pais e filhos é ainda mais indispensável. Afinal, as crianças estudam de casa e nós pais trabalhamos de home office (pelo menos quem tem esse privilégio).
O fato é: o carinho e a capacidade de dialogar com as crianças são o primeiro caminho para todo pai ou mãe descobrir como aproveitar melhor o tempo com os filhos.
De volta ao tema desse post, por que será que muitas crianças parecem precisar de mais atenção do que o nós achamos que seria o normal?
Criança quer atenção porque talvez já não veja tanta qualidade em nós pais e mães. Ou seja, no tempo que estamos passando junto com elas.
Você já parou para pensar nessa possibilidade? Porque, convenhamos, ela é bastante grande. Veja essa pesquisa:
Ou seja, conseguimos conquistar mais tempo com os filhos nos últimos anos. O desafio agora é saber se o estamos aproveitando bem, ou seja, se estamos fazendo valer.
E talvez o pedido de atenção dos nossos pequenos, que pode parecer exagerado em algumas situações, seja uma indicação de que, na verdade, estamos apenas jogando tempo fora.
Sim, esse é um clichê dos mais batidos. Mas não deixa de ser também uma grande verdade.
O que precisamos desenvolver como pais é a capacidade de nos entregar ao momento. As crianças são craques nisso: elas simplesmente se divertem ou choram, sem pensar no antes ou depois.
E aí, apesar de os filhos estarem bem à nossa frente querendo brincar, na verdade só estamos ali de corpo. E tempo com os pais é justamente uma das necessidades mais básicas da criança – e nossa também se pararmos para pensar.
Pais que ficam demais no celular, por exemplo, não só deixam de dar atenção aos filhos, mas também estão mais propensos a tomar bronca deles.
Ou seja, a criança que quer atenção acabando chamando a atenção dos pais. Tudo errado.
Ela pode chegar a esse extremo porque adultos hoje não desapegam das telas, vivem em redes sociais, trabalham mais do que deveriam, ficam cansados a maior parte do tempo etc.
Por isso, a alternativa que sobra aos pequenos é chamar atenção como um quase desabafo para serem atendidos.
Mas como podemos tentar mudar isso? Com a vida cada vez mais dentro de casa, a dinâmica entre pais e filhos está resumida, em grande parte, a:
Ou seja, a rotina familiar tem hoje muitos momentos em que pais e filhos estão esperando alguma coisa um do outro. Fica sempre essa expectativa de que todos estão devendo atenção a todos.
O tempo de qualidade, portanto, é aquele em que devemos tentar esquecer as “obrigações” da rotina. E somente viver o momento com a intensidade do momento.
Alguns exemplos de como romper com essa rotina em casa:
Em geral, dizemos aos filhos o que eles não devem fazer. Em resposta, eles repetem a atitude para nos testar, o que é natural no desenvolvimento infantil. Mas há uma alternativa para não ficarmos nesse cabo de guerra.
Ela se chama atenção positiva, ou seja, o hábito de dar mais valor às iniciativas boas dos filhos. E, mais do que isso, sermos mais claros em reconhecer suas iniciativas louváveis.
Funciona assim: em vez de só dizer “Muito bem!”, tente falar “Adorei o jeito como você ajudou o seu irmão a montar aquela peça do quebra-cabeça”.
Dessa maneira, os filhos percebem que estamos atentos também ao que fazem de bem – e não apenas ao que erram ou transgridem.
Essa é a atenção positiva, uma boa prática a mais para a paternidade.
Se a criança quer atenção, o melhor é parar, olhar nos seus olhos e dar a atenção que ela pede ao menos para entender o que acontece.
Assim, nós seremos mais completos (e preenchidos) como pais e mães. Por sua vez, os pequenos sentirão que não precisam quase implorar por um melhor lugar na fila.
Eles automaticamente estarão à frente dos celulares e tablets, do home office, do estresse da rotina, do desemprego etc.
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