Outro dia, na internet, encontrei uma matéria sobre o cuidado de criança altamente sensível. Não conhecia o termo, mas por ser pai de dois meninos me interessei imediatamente. Afinal, qual criança não precisa de sensibilidade para viver?
Porém, o tema é mais sério. E embora ele não tenha a ver necessariamente com os meus pequenos, decidi investigar. Porque ele está relacionado à paternidade e à maternidade. E a como podemos ajudar as crianças no seu desenvolvimento.
Este texto tem a intenção de reunir informações que possam ajudar outros pais. Mas, principalmente, é um convite à reflexão maior de como ser pai na prática. De como muitas crianças podem enfrentar desafios enormes nos seus primeiros anos de vida.
Antes da resposta a essa pergunta, olhe à sua volta… Há luz para os seus olhos, sons que enchem os ouvidos, sensações que só a pele sente… E muitos outros estímulos externos ao seu corpo. Nos seres vivos, a sobrevivência está intimamente ligada à interação com o mundo. Esse é um dos principais presentes da evolução.
Ao longo dos séculos, a espécie humana foi programada para perceber, processar, reagir e se adaptar às interações sociais e físicas com o ambiente. Para o bem e para o mal. Se cada um escuta melhor ou pior, por exemplo, interagir é uma capacidade de maior ou menor intensidade.
Ou seja, cada pessoa tem mais ou menos sensibilidade para o entorno. Portanto, anote aí:
A alta sensibilidade NÃO É uma doença. Ou uma habilidade que você desenvolve com o tempo.
Ela é uma característica inata cada vez mais associada à genética e a outros fatores.
E agora podemos entender o que é isso de ser uma criança altamente sensível. Para começar, estamos falando de Sensibilidade de Processamento Sensorial – SPS (ou Sensory Processing Sensitivity – SPS, na sigla em inglês).
A Sensibilidade de Processamento Sensorial (SPS) é “uma característica do temperamento encontrada em cerca de 20% dos humanos, que melhora a capacidade de resposta a diversos estímulos”.
Ou seja, há mais pessoas com SPS do que a população da China.
Isso é o que dizem os pesquisadores Jadzia Jagiellowicz, Arthur Aron e Elaine N. Aron. Eles se dedicam a estudos científicos sobre o tema. Em um deles, concluíram que o SPS está relacionado a uma atividade maior em determinadas áreas do cérebro. Principalmente nas regiões temporais bilateral, medial e posterior, ligadas ao chamado processamento visual de alta ordem.
Na prática, foram os primeiros a identificar um elo com as atividades neurais. Além disso, levantaram a questão de se pessoas com alto nível de SPS (ou alta sensibilidade) processam informações sensoriais de forma mais elaborada do que outras com baixo. E foi Elaine Aron quem criou o termo pessoa altamente sensível.
Como dá para perceber, as descobertas demonstram cada vez mais que a sensibilidade sensorial não é capricho. Muito menos frescura. Em The trait of sensory processing sensitivity and neural responses to changes in visual scenes, esses três pesquisadores dizem:
“Indeed, with good parenting, sensitive or ‘emotionally reac-tive’ children are healthier (Ellis et al., 2005) and ‘reactive’ primates more likely to be troop leaders (Suomi et al., 1991) compared to those without the trait.”
Posts recentes
Uma criança altamente sensível tem uma atenção muito maior aos detalhes. Enfim, ela reconhece e processa informação de tudo o que está à sua volta em um outro nível. E não deve ser nada fácil.
Por exemplo, tente se imaginar entre duas prateleiras de supermercado. Tantos rótulos, a luz acentuada, o ruído à volta… Talvez para você seja uma situação rotineira. No entanto, pessoas muito mais suscetíveis a estímulos externos vivem a experiência com outra intensidade.
E tudo bem! Mas de novo: o assunto aqui não é uma doença ou deficiência. Pelo contrário. É sobre afeto e carinho.
Portanto, uma criança altamente sensível precisa lidar com o seu desenvolvimento e essa característica. É de se esperar que não se comporte como outras de idade semelhante. Daí a importância do afeto, compreensão e sensibilidade dos pais.
Um dos maiores desafios para os pais é saber reconhecer nos pequenos alguns comportamentos. Afinal, isso é fundamental para o cuidado dos filhos. E a melhor ajuda de profissionais.
No seu site hsperson.com, Elaine Aron diz que por mais que nós pais sejamos observadores, devemos estar atentos a algumas possibilidades:
De fato, um erro muito comum é confundir o SPS com o Transtorno de Processamento Sensorial – TPS (Sensory Processing Disorder – SPD, em inglês). Esse é um distúrbio neurológico.
Ou seja, o TPS está relacionado aos sentidos. E ao controle motor, além de fazer as informações sensoriais se “misturarem” no cérebro. Por isso, pessoas diagnosticadas com TPS podem se comportar de maneira inesperada em relação aos contextos em que se encontram.
Sensibilidade de Processamento Sensorial (SPS)
≠
Transtorno de Processamento Sensorial (TPS)
Essa é uma distinção muito importante. Embora qualquer conclusão só deva ser tomada com ajuda de especialistas. Mas como exatamente identificar inicialmente atitudes e hábitos que possam dar pistas mais claras?
As crianças e adultos com uma sensibilidade sensorial mais elevada têm algumas características em comum. Justamente por isso responder a algumas perguntas pode ajudar.
Esse tipo de preocupação recorrente, como também se perguntar sobre o sentido da vida, é um traço marcante.
E, fazendo isso, toma em geral as melhores decisões? Esse é um hábito comum.
Uma das características de pessoas com alta sensibilidade é justamente a capacidade de propor alternativas fora do comum.
Essa característica comum também pode estar associada a uma visão pessoal de longo prazo mais definida.
Pode ser uma prática frequente, e acompanhada da sensação contrária. Ou seja, de não ter dificuldade em lidar com estímulos em situações e ambientes menos extremos.
Em vez de isolamento, essa característica tem mais a ver com resguardo. Quem tem alta sensibilidade sensorial pode sentir com mais frequência a vontade de retirar de algumas atividades, mesmo prazerosas.
Esse pode ser um comportamento mais presente do que em familiares e amigos.
A alta sensibilidade para esses sentimentos nos outros é comum.
Em geral, esse é um hábito também bastante presente.
A reação costuma ser mais intensa a programas de TV com violência, injustiças, bullying etc.
Exemplos: alguém triste mesmo quando os demais não notam. Ou alguma coisa fora de lugar em um ambiente em que a criança esteve por muito pouco tempo.
Por exemplo: o tic-tac do relógio ou o pinga-pinga de uma gota de água.
Pode ser, por exemplo, um comentário de que um estranho no metrô possa necessitar algo para ter um melhor dia.
Como se vê, filhos com essa característica necessitam o básico: carinho, afeto, paciência e atenção. Ou seja, nada além do que toda criança deveria receber de pais e mães – e de toda sociedade, claro.
A sensibilidade ao mundo é algo a toda criança. Mas crianças altamente sensíveis têm relação ainda mais intensa com o mundo.
Efetivamente, mais do que só ver defeito ou deficiência, pais, mães, amigos, parentes, professores e estranhos devem tentar primeiro demonstrar empatia.
A ciência já mostra que essa é uma característica inata. Principalmente, não prejudica em nada a vida em sociedade.
Ao ler sobre pessoas altamente sensíveis aprendi muito. Vi que elas compartilham algo muito importante com os outros: empatia e sensibilidade.
Isso não é ser mais evoluído?
A paciência com os filhos é um dos principais desafios do milhão (ou micão) da…
O Dia dos Pais é sinônimo de presente, como acontece com o Dia das Mães.…
A felicidade dos filhos é uma aspiração constante de pais e mães. Mas aqui temos…
O estresse se tornou um símbolo da nossa época, e mais ainda desde que passamos…
Mas que criança que só quer atenção!!! Essa era uma frase negativa que muitos pais…
Por quê? Afinal, proteger crianças da violência deveria ser a maior preocupação de todos nós…